segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ato contra a violência levanta a discussão sobre a homofobia


No último sábado, cerca de 100 pessoas participaram do ato contra a violência e o preconceito na rua 13 de maio em Campinas. Tratava-se de uma manifestação lúdica pelas travestis assassinadas na cidade. Todos estavam vestidos de preto, com alegorias de funeral, as travestis carregavam alvos em seus colos e a panfletagem -- ao longo da caminhada -- conscientizava as pessoas das causas de nossa luta e os riscos da homofobia.




Com o lema "hoje matam um homossexual, amanhã um negro, depois um nordestino, qualquer dia pode ser você", a discussão sobre a homofobia foi levantada à população. O ato fúnebre seguiu a 13 de maio em apitos longos e voltou no mais absoluto silêncio. Curiosidade, interesse e apoio das pessoas somaram-se à importância do evento.


A militância do PSOL estava presente no ato em apoio às causas GLTTB, afinal entendemos que companheiros são todos aqueles que se indignam com a injustiça e lutam por uma sociedade mais justa e sem preconceitos. Estas são algumas das características da nova sociedade pela qual lutamos, portanto estaremos sempre de pé, unindo forças para fortalecer a luta GLTTB.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Venha conhecer o PSOL Campinas

Por Élcio Magalhães

Dias:
26 de fevereiro - 3ª feira - às 19h
01 de março - sábado - às 16h


Local:
Sede do PSOL
Rua Dr. Antonio Alvares Lobo, nº 558 (próximo ao Bar Furlan)

Convidamos todos para uma apresentação do PSOL - Partido Socialismo e Liberdade, uma nova opção na política brasileira e campineira. Já na sua primeira campanha com Heloísa Helena para presidente, o PSOL deixou claro que tem um projeto socialista e que está junto com a luta do povo. Além disso, vai contra o abandono da saúde, da educação e exige melhores condições de moradia e de emprego.

Precisamos da participação de todos para uma real transformação da nossa sociedade. Por isto, gostaríamos de convidá-los para esta oficina sobre a organização e como pode ser feito a construção coletiva, a necessidade de um partido que esteja enraizado na luta popular, etc.

Trabalharemos a partir de um documentário feito pela USP chamado "Espetáculo Democrático" que faz uma comparação da campanha do Lula para presidente em 1989 e em 2002.

A atividade é aberta, caso queira levar alguém, fique à vontade.

Abraços

Mas quem é o partido?
Bertold Brecht

Mas quem é
o partido?
Ele fica sentado
em uma casa com telefones?
Seus pensamentos
são secretos,
suas decisões
desconhecidas?
Quem é ele?

Nós somos ele.
Você, eu, vocês —
nós todos.
Ele veste sua roupa, camarada,
e pensa com a sua cabeça

Onde moro é a casa dele,
e quando você é atacado ele luta.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Como superar a lógica esquemática das esquerdas

Hamilton Octavio de Souza*
O governo Lula corrói a esquerda silenciosamente, por dentro, nas entranhas, como o câncer. É diferente do que acontece quando se tem a luta aberta contra a direita, quando é possível identificar mais claramente os inimigos. Dizer o óbvio, que a direita é mais truculenta do que a geléia geral do governo Lula, não contribui para definir a tática da esquerda. A geléia geral é sim menos truculenta, mas é mais danosa na medida em que age no interior das fileiras da esquerda, divide as forças, acomoda, corrompe, coopta, quebra a capacidade crítica e a combatividade. A direita no governo é mais dura nas bordoadas, mas causa menos danos à essência dos compromissos políticos e éticos da esquerda.

O raciocínio esquemático de setores da esquerda costuma enfatizar que fazer oposição ao governo Lula é apostar no pior, e que o pior só favorece os inimigos da esquerda. De acordo com esse raciocínio, é preferível engolir o governo Lula e a política hegemônica do PT do que entregar o governo para o PSDB-DEM e caterva. Se os inimigos verdadeiros são o capital, a burguesia e seus representantes, no momento atual a situação é altamente favorável aos inimigos, já que o modelo econômico mantido pelo governo Lula – e os grandes negócios do Estado com o empresariado – tem permitido a mais estupenda acumulação, total liberdade de atuação, entrega dos recursos naturais e do patrimônio nacional – praticamente sem restrições.

Nunca o capital viveu uma situação tão vantajosa nos mais de cem anos de República. Além disso, contribui para deixar o inimigo à vontade o fato real e concreto de que a força hegemônica nas esquerdas, o PT, consente com as políticas do governo Lula e não oferece nenhuma resistência à espoliação capitalista. O capital está nadando de braçada justamente porque a esquerda dividida fornece um ambiente de "tranqüilidade e paz" para o avanço do capital sobre as forças do trabalho.

O raciocínio político que precisa ser colocado na conjuntura não pode ser obviamente em cima das eventuais benesses – circunstanciais e passageiras – proporcionadas pelo atual governo. Mesmo porque não existe nada sob controle no jogo eleitoral. Essa visão é essencialmente fisiológica, na medida em que contempla vantagens e desvantagens da atual aliança com o capital, seja nas políticas assistencialistas, na suposta contenção da selvageria ou nas inúmeras sinecuras a setores da militância antes ignorados e excluídos. Não dá para confundir estratégia política com lealdade e gratidão.

O que precisa ser verificado realmente é a análise se tais ações de governo contribuem ou não para a organização e o acúmulo de forças no campo popular e das esquerdas. E está claro, até o presente momento, desde 1º de janeiro de 2003, que o governo do PT com as forças conservadoras e de direita tem contribuído muito mais para reorganizar esses setores dominantes, revitalizar antigas oligarquias, vitaminar os grupos empresariais – do que fortalecer o outro lado.

Pela lógica dos amigos e inimigos, podemos afirmar que o atual governo e suas políticas são inimigos do avanço das esquerdas e das verdadeiras transformações sociais. É claro que no balanço das relações clientelistas com a sociedade, o atual governo tem ampla vantagem em relação aos anteriores. Mas no processo de lutas de médio e longo prazo, o atual governo é mais corrosivo do que uma eventual articulação das esquerdas para o enfrentamento aberto contra as forças do capital.

A reunificação e o avanço das forças de esquerda, com o respaldo do movimento social popular, só pode acontecer no momento de convergência da análise centrada no combate às oligarquias, ao capital e ao imperialismo; na proposta de construção de uma nova sociedade sem oprimidos e sem explorados. Se o governo federal não soma nesse processo, não viabiliza avanços contra os verdadeiros inimigos do povo brasileiro, o terreno da luta e da aglutinação só são possíveis no campo da oposição. Fazer oposição ao governo, portanto, não é escolher o pior, é impedir que o pior continue inviabilizando a articulação de forças no campo das esquerdas, é estabelecer uma fronteira clara – para ser facilmente identificada pelo povo – entre aquilo que fortalece o modelo hegemônico do capital e o que constitui a alternativa nacional, popular e socialista.

Não dá mais para ficar jogando fumaça no quadro político. O caminho precisa ganhar nitidez.
*Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor da PUC-SP

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Ato contra a violência neste sábado, dia 23, em Campinas

Fórum LGTTB de Campinas organiza ato contra a violência

Os grupos voltados para os direitos de Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais e Bissexuais de Campinas (SP) realizarão um ato público no próximo sábado, dia 23, às 9h, em frente à Catedral Metropolitana, cruzamento da Rua Treze de Maio com a Avenida Francisco Glicério.

A motivação para o ato foi o assassinato de mais uma travesti na cidade. O crime contra Flavinha ocorreu no último dia 09. A comunidade LGTTB de Campinas se reunirá também em memória de tantas outras travestis assassinadas na cidade e no país.

Os organizadores do ato esperam sensibilizar autoridades e a sociedade para a violência que todos têm sofrido na cidade, em especial as populações mais discriminadas e vítimas de preconceitos, sejam eles raciais, religiosos ou de orientação sexual e identidade de gênero.

A atividade é aberta à participação de qualquer pessoa que queira lutar por uma Campinas menos violenta, mais justa e mais acolhedora de suas diferenças. Os interessados e interessadas devem comparecer no local vestindo roupas pretas.

Anote na Agenda:

O quê?
Ato contra a violência (organizado pelo Fórum de LGTTB de Campinas)

Onde?
Em frente à Catedral Metropolitana (Cruzamento da Av. Francisco
Glicério com a Rua 13 de maio - Centro)

Quando?
Dia 23 de fevereiro, sábado, às 09h.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Unidade na ação marcou o primeiro dia do I Encontro Municipal de Campinas

Cerca de duzentas pessoas, entre militantes e simpatizantes, estiveram presentes nos dois dias do evento


Abertura política
A abertura do Encontro aconteceu no sábado, dia 16, no plenário da Câmara Municipal. Cerca duzentas pessoas preencheram a platéia da Casa, faixas com as causas da nossa luta, bandeiras, barraquinha e a pluralidade das correntes do partido garantiram a dinâmica e a alegria do espaço.
Ao som da Internacional -- primeira vez que música é tocada na suposta "Casa do povo" --, os presentes demonstraram força e garra na construção do partido em Campinas junto com a base aliada.
A mesa foi composta pelos representantes aliados: Renato (PCB), Galvão (MTD) e Zé (MST); o PSTU mandou saudações e o apoio à luta em conjunto, pois estavam reunidos em outro evento; e o MTST enviou uma carta de agradecimento pelo convite e manifestou sua união de forças com o PSOL.
Do partido, estavam na mesa: Arley (Enlace), Raquel (SR), Mariana (Rosa), Cazuza (Gianazzi), os parlamentes Paulo Búfalo (APS), Marcela Moreira (coletivo) e, no final, Ivan Valente; e o presidente da mesa Rafael (GTM).
Todos tiveram voz e contribuíram para o debate da atuação dos partidos aliados e os movimentos populares na (re)construção da esquerda na cidade. Campinas é uma cidade que tem tradição na história da esquerda brasileira, depois da degeneração do PT, este Encontro com os aliados foi importantíssimo para o resgate das reais lutas e bandeiras da classe trabalhadora.
"Precisamos mostrar que não há diferença entre os dois campos da direita. O PT já mudou de lado e a direita já está lá faz tempo, todos trabalham em favor do capital e não da classe trabalhadora", afirmou o representante do PCB.

"Foi e é imprescindível a participação da militância do PSOL/Campinas no MST: eles estiveram presente em todas as nossas lutas na cidade. Vocês, militantes do PSOL, neste período eleitoral, têm a tarefa de politizar o debate contra a privatização, o FMI, a ALCA e resgatar a bandeira do socialismo para a população", representante do MST.

O parlamentar Paulo Búfalo ponderou e complementou sobre a situação do partido em Campinas "Nós somos poucos e poucas, mas temos orgulho de carregar a bandeira da classe trabalhadora".
Durante o evento, o deputado Ivan Valente compareceu para saudar a abertura do Encontro: "Estou satisfeito de ver a concentração da militância campineira neste Encontro, é sinal de que estamos no caminho certo para a construção do movimento de resistência", afirmou. Finalizando o evento, o deputado reafirmou o PSOL como opção para o fortalecimento da Frente de esquerda e a condução da nova alternativa socialista de luta para a sociedade. "O PSOL, atualmente, é qualidade e não quantidade", finalizou.
Empolgados para o dia seguinte, os militantes e simpatizantes do PSOL deixaram o plenário da Câmara conscientes do tamanho da luta, mas convictos em mantê-la até o fim.



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Forme-se e Informe-se!

Para a compreensão da nossa realidade, um militante deve manter as leituras de jornais e revistas e informar-se, diariamente, sobre o que está acontecendo. Ainda que a mídia esteja recheada de deturpações, falsas ideologias e manipulações, manter-se informado sobre os acontecimentos com o olhar crítico dos socialistas sérios, permite que possamos atuar e incindir de forma decisiva e transformadora na sociedade.
No entanto, mais do que informar-se -- e, até mesmo, antes disto -- é preciso também uma formação teórica sólida em cima daquilo que acreditamos e lutamos.

O Juventude PSOL oferece uma sugestão virtual de "água da fonte": o site Arquivo Marxista.
Trata-se da mais completa biblioteca de Marxismo com contéudos em mais de 40 línguas e trabalhos de mais de 400 autores facilmente acessíveis por arquivo. Desde Althusser a Zhdanov, passando por Trotsky, Allende, Plekanov, Molotov, Rosa Luxemburgo, Mandel, Moreno, Luckács, Bonnet, Stálin, Prestes, Mariátegui, Mao, Lenin, Broüe dentre outros, e, claro, o próprio Marx.
De fácil acesso, fácil navegação e compreensão, o site reúne grandes obras de marxistas ao longo de toda a História.

Portanto, não há mais desculpa: Forme-se e informe-se!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

I Encontro Municipal do PSOL Campinas


No próximo sábado, dia 16, às 16hs, na Câmara Municipal, será a abertura do I Encontro Municipal do PSOL. Convidamos especialmente os partidos aliados da Frente de Esquerda, PSTU e PCB, para debatermos e avançarmos no processo de construção e fortalecimento da esquerda na cidade.
O evento é aberto a todos os interessados no avanço do projeto socialista, em resgatar a esperança e a perspectiva de uma socidade justa e fraterna e na consolidação da Frente como principal referência de esquerda no país.


É preciso sonhar mas com a condição de crer em nosso sonho,

de observar com atenção a vida real,
de confrontar a observação com nosso sonho,
de realizar escrupulosamente nossas fantasias.

Sonhos, acredite neles

Lênin

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Plenária estadual do Movimento de solidariedade a Cuba

Convite do Movimento paulista de solidariedade a Cuba

Convidamos todos e todas a participarem da Plenária Estadual do Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba. Essa é a primeira plenária do ano e teremos como objetivo fazer uma avaliação do primeiro ano do Movimento, discutir as formas de superar as dificuldades e ampliar a solidariedade a cuba. Além disso, sugerimos também a discussão dos preparativos para nossa II Convenção Estadual de Solidariedade a Cuba.

Essa é uma atividade aberta para todos e todas que desejam contribuir na ampliação da Solidariedade a Cuba e defesa da Revolução Cubana.

10 de Fevereiro - próximo domingo - 15h
Local: Sede do Mire
Av. São João, 1979 cj 12 - São Paulo Capital
Próximo ao metrô Santa Cecília.


Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba
www.solidariedadeacuba.org.br

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Desaceleração. Um ano de PAC.

Desaceleração

Reinaldo Gonçalves*

A desaceleração do crescimento econômico brasileiro é a evidência relevante no momento em que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) completa um ano. Frente ao crescimento do PIB previsto de 5,2% em 2007, as projeções macroeconômicas (Focus do Banco Central) para 2008 apontam para a mediana e a média de 4,50% e 4,51%, respectivamente. Estas taxas são inferiores à taxa de 5,0% que consta no PAC para 2008. Desta forma, após um ano de PAC, no lugar da aceleração do crescimento, o que se observa é exatamente o oposto. Há, assim, a interrupção do miniciclo de otimismo que surgiu no segundo trimestre de 2007, quando houve aceleração do crescimento econômico. E, o Brasil continua "andando para trás" quando se considera o resto do mundo. A projeção do FMI de crescimento da economia mundial é de 4,8% em 2008, enquanto os países em desenvolvimento devem crescer 7,4%.

O primeiro aniversário do PAC envolve não somente a desaceleração do crescimento econômico e o atraso relativo do país, como também a piora nos principais indicadores macroeconômicos. O superávit da balança comercial deve cair de US$ 40 bilhões em 2007 para US$ 32 bilhões em 2008, enquanto o superávit da conta corrente de US$ 5 bilhões em 2007 se transformará em déficit de US$ 4 bilhões em 2008. A pressão inflacionária de 2007 (IGP-M de 7,8% e IPCA de 4,5%) deve continuar em 2008, com taxas de inflação maiores do que as taxas de 2006.

A desaceleração do crescimento econômico e a continuação do atraso relativo tornam-se fatores ainda mais relevantes quando fica cada vez mais clara a reversão da fase ascendente do ciclo econômico internacional iniciado em 2003. A questão central é que as maiores incertezas críticas em relação ao futuro da economia brasileira resultam tanto da reversão do ciclo internacional como dos erros e equívocos das estratégias e políticas econômicas do governo. O PAC ilustra claramente estes equívocos e erros.
Orientado para a expansão dos investimentos em infra-estrutura no período 2007-10, o PAC contém medidas de expansão dos gastos de investimento do governo federal, compromissos de investimento de empresas estatais, medidas de estímulo à expansão do crédito e de desoneração fiscal, medidas focadas na melhora do ambiente de negócios, e diretrizes e parâmetros macroeconômicos. No documento lançado pelo CORECON-RJ em 28 de maio de 2007 (Corecon-rj/ced/01-07) há a análise crítica abrangente do PAC e no qual são discutidas suas limitações e inconsistências.
No primeiro ano do PAC, os fatos a destacar são os seguintes:

1. O PAC não é um plano de desenvolvimento e sim uma lista ad hoc de projetos

2. Com a criação dos PACS-setoriais (por exemplo, segurança e desenvolvimento urbano) o PAC aparece, de forma ainda mais clara, como uma coleção de projetos sem qualquer organicidade

3. A percepção é que o PAC se tornou um balcão de liberação de recursos federais para projetos específicos. Ou seja, o PAC transformou-se em instrumento de barganha e cooptação que tem, de um lado, o governo central (Lula), e de outro, governadores e prefeitos com influência política

4. Os investimentos da União são relativamente pequenos em termos das necessidades de investimento

5. Os gastos de investimento da União em infra-estrutura corresponderão, em média, a 0,6% do PIB no período 2007-10 enquanto os gastos com pagamento de juros responderão por 4,7% do PIB no período de vigência do PAC

6. A maior parte dos investimentos programados (aproximadamente 90%) é de responsabilidade da empresas estatais

7. Dois-terços dos investimentos das empresas estão concentrados no setor energético (petróleo, gás e eletricidade)

8. Parte expressiva dos projetos de infra-estrutura está associada às atividades de exportação de produtos primários, o que agrava o padrão de especialização do comércio exterior do país, aumenta sua vulnerabilidade externa e reduz o potencial de crescimento no longo prazo

9. Os recursos definidos no PAC estão além das necessidades efetivas do país. Por exemplo, no Plano Nacional de Logística e Transportes divulgado em meados de 2007 as necessidades de investimento são 50% maiores do que os recursos previstos no PAC

10. A expansão do financiamento governamental ao setor industrial está concentrada nos setores extrativistas e de insumos básicos (por exemplo, siderurgia, papel e celulose), que são orientados, em grande medida, para o mercado externo. O resultado é a maior vulnerabilidade externa do país nas esferas comercial e produtiva

11. No primeiro ano do PAC houve o "apagão aéreo" com suas trágicas conseqüências e o aumento do risco de crise no setor energético

12. Os aeroportos brasileiros aparecem na lista dos piores aeroportos do mundo segundo a revista Forbes

13. Muitos especialistas afirmam que o país já está experimentando uma crise energética em virtude da explosão dos preços negociados no mercado paralelo de energia (mercado livre) de energia elétrica, do redirecionamento do gás natural para as termelétricas e o baixo nível dos reservatórios das hidroeléticas

14. As mudanças do marco regulatório pouco avançaram e o que há de mais evidente parece ser o afrouxamento do controle dos processos de licenciamento ambiental;

15. A questão da defesa da concorrência tornou-se secundária em um país marcado por forte centralização do capital

16. No contexto do PAC o governo conta com a maior liberalização externa na esfera produtiva via participação efetiva de empresas estrangeiras nas concessões para administrar as rodovias federais. No setor aéreo as autoridades defendem a ampliação do limite de participação do capital estrangeiro nas empresas aéreas nacionais de 20% para 49%

17. O abuso do poder econômico continua sem a efetiva regulação governamental. A Vale do Rio Doce, uma das três empresas multinacionais responsáveis pelo cartel do minério de ferro, tem sido acusada de práticas comerciais restritivas que afetam o setor de siderurgia e construção civil. O governo tem se mostrado inoperante em área que afeta diretamente a infra-estrutura do país

18. A inoperância governamental também é evidente no caso da crise do setor energético. Especialistas têm recorrentemente denunciado a ineficácia e, até mesmo, a irresponsabilidade do governo neste setor. Segundo o Instituto Ilumina há "passividade do governo federal" e "ausência de providências mais efetivas que possam evitar uma crise nos próximos dois ou três anos". As mudanças no marco regulatório ficaram somente no papel ou, então, foram parcialmente executadas de tal forma que "o sistema hidroenergético tornou-se muito vulnerável". Neste sistema não houve expansão adequada da oferta e "no que se refere à operação, praticamente nada de relevante foi acrescentado."

19. As autoridades governamentais que se mostraram inoperantes no que se refere à questão energética são, precisamente, aquelas que estão atualmente na coordenação do PAC, com destaque para a Ministra Dilma Roussef

20. Sete anos depois da crise de energia e cinco anos de governo o país defronta-se com séria restrição ao crescimento econômico em decorrência dos problemas energéticos, não somente no que se refere à hidroeletricidade quanto às outras fontes de energia, como o gás natural. Mais recentemente, o governo obrigou a Petrobrás a desviar gás natural para as termelétricas, o que provoca o aumento dos custos da produção de derivados do petróleo. A empresa reduzirá seus lucros e, portanto sua capacidade de investimento, ou, então, haverá aumento de preços

21. A ineficácia na implementação do PAC aparece, por exemplo, quando se considera que o conjunto dos principais projetos para o Rio de Janeiro. Com a exceção dos projetos em andamento sob a responsabilidade direta da Petrobrás, somente dois dos 10 principais projetos saíram do papel

22. As diretrizes macroeconômicas do PAC têm viés restritivo como, por exemplo, as referentes às despesas com benefícios da Previdência, folha de salários da União, manutenção do mega-superávit primário, regra de ajuste do salário mínimo e manutenção de taxas de juros reais relativamente altas

23. A pressão inflacionária e os riscos crescentes da conjuntura internacional são os fatos destacados pelas autoridades monetárias para interromper a trajetória de queda da taxa de juro. As previsões para 2008 são que as taxas de juros nominais devem ficar no mesmo patamar de 2007. A Taxa Selic deve fechar o ano de 2008 em torno de 11% frente à taxa de 11,25% no final de 2007

24. O PAC também opera no contexto da enorme vulnerabilidade externa do país que se agravou com o crescimento extraordinário das importações (quase 50% em 2006-07) e crescente dependência em relação à exportação de commodities. A crença de que as reservas internacionais do país servem como fator de resistência à crise internacional comete o grave erro de desconsiderar a elevada liberalização financeira e cambial do país. Estas reservas podem desaparecer em poucas semanas via deslocamento das aplicações financeiras para a compra de dólares. E, de concreto, no âmbito seja das políticas governamentais, seja do PAC, não há medidas concretas no sentido de redução da vulnerabilidade externa estrutural do país. Muito pelo contrário. O capital estrangeiro tem sido, visto como solução para problemas nos setores de infra-estrutura, que resultam em boa medida da inoperância do governo Lula

25. A falta de consistência macroeconômica do PAC deriva da manutenção dos eixos estruturantes da política econômica do Governo Lula: metas rígidas de inflação e juros altos, mega-superávit fiscal primário, câmbio flutuante e liberalização cambial; e elevado grau de liberalização externa

26. A falta de consistência macroeconômica do PAC deriva do fato de que o crescimento econômico sustentável de 5% exige taxas de investimento superiores a 20%. A taxa de investimento em 2007 deve ficar bem abaixo deste número (algo próximo de 17%)

27. O "desenvolvimentismo às avessas" do Ministro da Fazenda Guido Mantega envolve a defesa de um imposto regressivo como a CPMF. Frente à correta decisão do Congresso de não renovar este tributo, o Ministro logrou a decretação do aumento do IOF que onera os mais pobres, que estão pagando taxas de juros que estão entre as mais altas do mundo. Cria-se mais um dreno fiscal que inibe o consumo e, portanto, desestimula o investimento e o crescimento econômico.

Em síntese, após um ano do PAC chega-se à conclusão que os problemas de concepção e implementação levaram a resultado geral pouco favorável. Em áreas-chaves, como energia e transporte, não houve melhoras evidentes ou, então, houve séria deterioração das condições de infra-estrutura. Os custos das deficiências na infra-estrutura tornaram-se ainda mais evidentes com o risco crescente na área energética. Em conseqüência, reaparece a pressão inflacionária via elevação dos custos. Além das deficiências de operacionalização, deve-se destacar que os avanços no marco regulatório (principalmente, a defesa da concorrência) foram praticamente inexistentes. O miniciclo de otimismo que se seguiu ao lançamento do PAC não parece ter completado um ano. Tendo em vista que o PAC mantém as diretrizes básicas das estratégias e políticas macroeconômicas do governo Lula, o que se prevê para 2008 é, de fato, a pressão inflacionária via custo, o aumento da vulnerabilidade externa do país e a desaceleração do crescimento no contexto de maiores incertezas críticas.

A. Projeções macroeconômicas para 2008
Fontes: IPEA e Banco Central do Brasil. Nota: Dados para 2007 são estimativas e para 2008 são projeções.

B. Taxa de crescimento real do PIB (%): 2003-08
Fontes: FMI, IPEA e Banco Central do Brasil. Nota: Dados para 2007 são estimativas e para 2008 são projeções.



Reinaldo Gonçalves é graduado em Economia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na Fundação Getúlio Vargas realizou, na mesma área, seu mestrado. Cursou o doutorado em Faculty Of Letters And Social Sciences na University of Reading, na Inglaterra. Obteve livre docência pela UFRJ. Atualmente, trabalha no Instituto de Economia da UFRJ. Entre suas obras bibliográficas, destacamos A economia política do Governo Lula, escrito com Luiz Filgueiras, da Universidade Federal da Bahia.

São Paulo me fez assim

Waldemar Rossi*


A tônica do dia 25 de janeiro – aniversário da cidade de São Paulo e celebração do Centenário de sua Arquidiocese - foi dada pelo incidente ocorrido na catedral da Sé, em plena celebração da missa comemorativa: o Benedito, morador de rua, armado de uma faca, adentrou a área do altar e, ao ser contido por presentes, feriu três pessoas.

Chamaram-nos a atenção os depoimentos feitos na delegacia por testemunhas do ato. Afirmavam que o morador de rua dizia palavras desconexas, tais como: “São Paulo me fez assim...” e “Me mata, São Paulo...”. Afirmaram ainda que, quando interrogado por que teria ido à catedral, afirmou com ironia: “Fui rezar”.

Em primeiro lugar, é preciso estar atento para que, pelas circunstâncias do fato, não havia desconexão em suas palavras, e sim expressão clara de revolta, de decepção. Ao dizer com ironia que tinha ido rezar, revelava que já não acredita nas religiões, nem em suas promessas de vida na outra vida, pois lhe falta a vida com dignidade aqui na terra, onde vive. Ao cometer o atentado em plena área do altar, não estaria também denunciando a pompa das nossas celebrações e dos nossos celebrantes, enquanto ele, em nome de quem as igrejas falam, está literalmente na rua da amargura? Curiosamente, ele não fez o atentado no meio do povo, onde seria muito mais prático cometê-lo! Será que há desconexão nisto? Ou o recado estava sendo dado a quem, segundo ele, deveria ser dado?

Ao afirmar que “São Paulo me fez assim...” nada mais fez que denunciar, com muita clareza, uma cidade injusta, onde uns poucos favorecidos pelas leis injustas se apropriam das riquezas produzidas pelos que trabalham, negando à grande parcela da população os bens necessários a ter uma vida com a dignidade de ser humano que ele também é. Denuncia uma cidade onde luxuosos bancos são construídos para guardar dinheiro, muitas vezes fruto de suja lavagem e da agiotagem, enquanto a seres humanos são negadas moradias modestas, mas que fossem suficientemente acolhedoras para famílias de trabalhadores. Denuncia uma burguesia rica que quer justificar sua violência sobre explorados, praticando outros tipos de violência, como a exclusão econômica, social e cultural.

Ao bradar “Me mata, São Paulo!”, não estaria dando um grito de angústia, não estaria, a exemplo dos explorados do tempo do Egito, narrado pelo Êxodo, erguendo um clamor, comum a milhões de brasileiros que vivem em condições idênticas, e até piores? Não estaria pedindo o fim de tanta humilhação, de tanta angústia, de tamanho sofrimento não sentido pelos protagonistas das várias celebrações?

Mas a imprensa, defensora dos privilégios dos abastados – já que seus proprietários também são parte dessa minoria privilegiada -, nada mais fez que anunciar o fato explorando seu lado sensacionalista. A mídia, como de costume, omitiu qualquer referência às injustas condições de vida a que são submetidos milhões de seres humanos, neste país de dimensões continentais, de riquezas incalculáveis, de extraordinárias condições para garantir trabalho, renda e bem estar para todos os seus habitantes. País em que seus governantes fazem questão de pedir que esqueçam o que disseram antes, ou que dizem que suas declarações, antes de serem eleitos, eram meras bravatas. Assim, o resgate das centenárias dívidas sociais e a construção de uma sociedade onde impere a justiça social vão sendo jogados pelas calendas.

Talvez fosse mais conexo, ao Sr. Benedito, dizer que “O Brasil me fez assim...”, ou ainda, de forma mais abrangente, “O nefasto capitalismo NOS fez assim...”.

Waldemar Rossi, metalúrgico aposentado, é coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Intensivão GEMA: quórum e debates qualificados

Nos dias 30 e 31 de janeiro, o PSOL-Campinas organizou e orientou os debates do intensivão do Grupo de Estudos Marxistas (GEMA). Este intensivo consistiu no estudo de três textos-base para o início da formação dos militantes: "O Manifesto Comunista", Marx; "A Doutrina Marxista", Lenin; e "Introdução ao Capital", Alex Callinicus. Estes dias também foram pensados nas pessoas que não puderam comparecer nos primeiros encontros do GEMA, porém pretendem permanecer no curso este ano.
O próximo encontro do Grupo de Estudos será dia 23, sábado, às 14hs, com o tema: Revolução Russa. Aconselhamos que assistam, se possível, ao filme "Reds" que está disponível na dvdteca do partido.

Preparativos para o Encontro Municipal de Campinas

Tiragem de delegados, pautas para discussão interna e externa, encaminhamento de GT's, reunião de núcleos entre outras atividades marcam os preparativos do PSOL Campinas para o Encontro Municipal

No dia 16 de fevereiro, às 16hs, é a abertura oficial do Encontro Municipal do PSOL de Campinas.
Todos os partidos aliados e movimentos sociais estão convidados a participar dos debates de conjuntura municipal, atuação da esquerda, programas para este ano do movimento e outras pautas comuns.
No dia 17, às 9hs, na sede dos metalúrgicos, iniciam-se os debates de ordem também interna e a perspectiva do cenário de atuação do partido ao longo de 2008.
Na quinta-feira passada, os núcleos Laudelina, de sábado e representantes de Barão Geraldo, reuniram-se para pautar os temas dos debates no Encontro: as propostas de atuação do partido para este ano, a organização interna, a conjuntura municipal, alianças e manutenção da frente de esquerda, as eleições, dentre outros pontos que serão levantados no dia do Encontro.
Nesta mesma reunião, os militantes fizeram a tiragem de delegados: para cada três militantes, um delegado era votado indicado. Dos presentes, foram extraídos seis: Rafael, Ana Clara, Élcio, Marcela e Nelson. No total, esperamos entre 50 e 70 delegados para o evento.

O prazo para a entrega das teses é 11 de fevereiro.

Todos os militantes do PSOL estão convidados a participar deste Encontro Municipal. O evento começa às 9hs e calcula-se terminar às 18hs. Será interessante recebermos militantes de outras cidades tanto da RMC quanto do próprio estado para podermos trocar e debater informações.