sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Heloísa Helena no FSM 2009


Folha do Progresso

Fórum Social Mundial 2009, em seu segundo dia, começou cedo para o Partido Socialismo e Liberdade e sua juventude que se jogou para os preparativos de um grande seminário de propaganda contra a situação mundial, em um ambiente de mais uma crise. Os milhares de ativistas sociais do movimento sindical, estudantil, camponês e popular discutirão saídas para a crise econômica em que está mergulhada a economia capitalista.

Será um importante espaço de articulação das lutas internacionais. "Estaremos discutindo com os trabalhadores do mundo. Seguimos o exemplo dos povos Venezuelano, Boliviano e do Equador", e afirmou que não podemos pagar pela crise. "Queremos educação, saúde de qualidade, emprego e não aceitamos a retirada de direitos". Afirmou Martiniano Cavalcante, secretario nacional de comunicação do partido, na abertura do ato.

Na tenda, montada na Universidade Federal Rural, que leva o nome da missionária Dorothy Stang, aconteceu o debate: "A crise econômica e os desafios para esquerda, com a participação de Heloísa Helena, presidente nacional do PSOL, Martiniano Cavalcante pela direção do partido e François Ollivier do Novo partido Anticapitalista da França. Um evento muito concorrido pela militância que lotou a tenda, e mostrou que a militância está pronta para os próximos enfrentamentos dessa crise mundial do capitalismo.

Para Ollivier, teremos que aprender muito com as experiências da Venezuela, Bolívia e Cuba. "E apoiá-los na luta a o capitalismo". Fez um chamado para a platéia e finalizou dizendo, "a tarefa do novo partido é muito grande, já nasce com um compromisso em defender a luta cotidiana dos povos, que sem história, não se constrói o futuro".

"Essa é mais uma crise da natureza do capital". Foi com essa afirmativa que Heloísa Helena, saldou a militância que se aglomeravam na tenda Doroth Stang, depois que a organização do fórum mudou o local por mais de três vezes, e continua fazendo um chamado para o partido saia desse fórum pronto para o embate da crise do capital. "Vai ser um desafio muito grande para os socialistas derrubarem as muralhas do capitalismo, no momento que se vive a privatização da Amazônia pelo governo federal, vamos resistir a tudo isso e criar novos e melhores caminhos para o Brasil, América Latina e o mundo". Os socialistas têm a obrigação de dialogar com o povo e se colocar como uma alternativa para os problemas desse povo, disse Heloísa Helena.

Programação - Aproveitando a presença das organizações políticas de esquerda no FSM em Belém do Pará, o PSOL, Partido Socialismo e Liberdade de Brasil, e o NPA - Novo Partido Anticapitalista da França, tomaram a iniciativa de convocar uma reunião de partidos anticapitalistas e socialistas. Será realizado no dia 31 de Janeiro, às 17h, na Universidade Federal do Pará na sala 3 do Setor Básico, bloco M.

Este novo FSM realiza-se também em meio a uma nova guerra, ou melhor, massacre genocida promovido pelo governo criminoso de Olmert contra o povo palestino de Gaza. Se os FSMs anteriores significaram um ponto de referência para desenvolver a resistência à ofensiva neoliberal global – econômica e militar -, desta vez cabe às organizações políticas fazer todos os esforços possíveis para oferecer respostas à nova ofensiva, aos novos problemas que enfrentam os trabalhadores, os povos oprimidos e os países explorados. É possível trocar pontos de vista sobre a nova situação mundial e estreitar relações com esse objetivo.

Os eventos dos fóruns sociais têm sido momentos para o encontro das organizações internacionalistas; agora se trata de dar continuidade a esses momentos, considerando que vivemos uma situação mundial nova, marcada pela crise mais grave desde 1929, em que as penúrias que esse desastre econômico traz para os trabalhadores e povos, combina-se com a crise climática e ecológica com que o sistema capitalista também castiga a natureza.

É hora de mudar o modelo econômico


A crise financeira e econômica engendrada pelo capitalismo neoliberal globalizado ainda vai provocar muito estrago em boa parte do mundo. O caos sistêmico derrubou desde especuladores de setores embalados na onda das imobiliárias, as aventuras dos negócios on-line, até mercados tradicionais das classes médias, como a indústria automobilística. O resultado é um aumento brutal do desemprego em inúmeros países e, na sequência, retrocesso dos direitos sociais, elevação da inadimplência, quebradeira dos pequenos e degradação das condições de vida.

Tudo indica que o Brasil seguirá o rastro de destruição que vai dos Estados Unidos e dos países ricos até os mais pobres da América Latina. Não há como escapar dos efeitos gerais no modelo de dependência econômica imposto ao povo brasileiro – apesar das projeções otimistas das autoridades governamentais e de seus apoiadores incondicionais. Seria mesmo extraordinário que o Brasil conseguisse contrariar a lógica dominante na economia mundial, onde o encolhimento dos patrimônios e a retração dos negócios marcam a cena.

Mesmo que a crise se apresente mais suave aqui do que em qualquer outro lugar, a gravidade da situação é mais do que suficiente para motivar reflexões e atitudes na direção de outro modelo econômico para o país e para o mundo. Se não temos a menor condição de influenciar os destinos do mundo, devemos pelo menos pensar em nosso País – em uma alternativa que nos livre para sempre desse modelo neoliberal implantado nos anos 90, na sequência de outros modelos geradores de dependência, desigualdade e exclusão, responsáveis diretos pela perpetuação da exploração do trabalho e da pobreza.

É preciso levar em conta que a crise atinge de forma desigual os povos do mundo. O aumento do desemprego, nos Estados Unidos, pode chegar – no agravamento da crise – a 10% da população economicamente ativa. Aqui já temos desemprego acima dos 15% (Seade-Dieese) antes da crise, há mais de 10 anos seguidos, além de uma massa enorme de trabalhadores na informalidade, no subemprego e sem a menor oportunidade de ingresso no mercado de trabalho, especialmente a juventude. Na Europa o desemprego tem a proteção do Estado por longo período, aqui apenas por alguns meses de salário de fome do desemprego.

Agora, a lógica e o bom senso pedem a mudança do modelo. É preciso apostar na possibilidade de uma luta direta contra a exploração, na capacidade de conscientização e mobilização dos trabalhadores e na articulação de propostas que substituam e superem os pilares de sustentação do atual modelo. É preciso desmontar a supremacia do capital financeiro sobre a produção, é preciso coletivizar o trabalho de tal maneira que todos tenham assegurado uma vida digna, é preciso potencializar os recursos naturais, o conhecimento e a tecnologia para o desenvolvimento soberano do Brasil – com igualdade econômica e justiça social, liberdade e democracia. É preciso que a distribuição da renda e da riqueza garanta a existência de uma sociedade sem privilégios e sem exclusões.

A mudança de modelo significa aposentar o que fracassou e construir um novo sistema capaz de enfrentar e resolver os problemas seculares do povo brasileiro. O desmoronamento do neoliberalismo criou uma chance única e imediata de avanço da sociedade para o projeto de democracia popular, que proporcione à grande maioria dos brasileiros uma real melhoria das condições de vida, com a garantia dos direitos fundamentais do ser humano. Chegou a hora de apostarmos em outro futuro para o Brasil – imune às crises geradas pelo capitalismo.

Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor da PUC-SP.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Marcha de abertura do Fórum reúne 50 mil em Belém


Agência Senado

Acostumada com a grandiosidade do Círio de Nazaré, festa religiosa que costuma reunir na cidade em todo mês de outubro cerca de 1 milhão de visitantes, a população de Belém assistiu tranquila à passagem das 50 mil pessoas que participaram da marcha de abertura da 9ª edição do Fórum Social Mundial , na tarde desta terça-feira (27).

Nem poderia ser diferente: o clima do evento foi da mais absoluta descontração. Nem mesmo a chuva que despencou sobre as cabeças dos manifestantes de organizações de todo o mundo já no início da caminhada - diz a lenda que, em Belém, nessa época do ano, chove todos os dias, às 15h - foi capaz de silenciar os tambores que tocavam os mais diferentes ritmos.

A diversidade da marcha chamou a atenção da senadora Fátima Cleide (PT-RO).

- É uma emoção muito grande ver a diversidade cultural e política aqui representada. Eu tenho certeza que esse evento contribuirá, e muito, para que o mundo se dê conta da vida inteligente que existe na Amazônia e a necessidade que todos temos de formar uma grande corrente em defesa desse patrimônio - disse.

Entre homossexuais e religiosas de hábito que dançavam juntos sob a chuva, o clima era mesmo de festa. Porém, para além da celebração, o propósito do Fórum é chamar a atenção para algumas questões sobre as quais nada há para se comemorar. É o que lembrou o senador José Nery (PSOL-PA), que fazia parte da comitiva pela erradicação do trabalho escravo.

- Temos a esperança de que nossa participação nesse fórum se constitua num importante movimento de apresentação para o universo dessa tragédia que é a existência da escravidão no Brasil, no sentido de ampliar a mobilização para a erradicação dessa chaga social - disse.

O senador, presidente da Subcomissão Temporária de Combate ao Trabalho Escravo do Senado, explicou que um dos principais objetivos da Frente Nacional de Combate ao Trabalho Escravo no FSM é ampliar o número de assinaturas de apoio à Proposta de Emenda à Constituição 438/2001, que prevê o confisco de terras onde sejam encontrados trabalhadores em situação análoga à de escravo. Até agora, o movimento reuniu cerca de 300 mil assinaturas.

Para o motorista de táxi Jorge Morais da Silva, o balanço do dia de trabalho foi positivo.

- Eu acho importante a sociedade civil se manifestar, reivindicar seus direitos, e se isso puder acontecer assim, de forma pacífica, melhor ainda. Nós vivemos em um mundo muito bonito, mas muito desigual - destacou.

Raíssa Abreu / Agência Senado

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Tomada de fábrica por operários vira luta nacional nos EUA

Carta Maior

Tudo começou quando os 260 operários da fábrica de janelas e portas Republic Windows and Doors foram informados por seus patrões, com apenas três dias de antecedência, do fechamento da indústria, previsto para o fim de semana passado. O fechamento ocorreu depois que o Bank of America suspendeu sua linha de crédito à indústria.

Na sexta-feira, dezenas de trabalhadores tomaram a fábrica e se negaram a deixá-la, pois denunciam que não foram notificados com os 60 dias de antecipação previstos em leu e não lhes pagaram o que deviam.

Em turnos, dezenas de trabalhadores, membros do sindicato nacional independente United Electrical, Radio and Machine Workers of America (UE), um dos mais progressistas e combativos do país, mantiveram guarda dentro da fábrica, enquanto recebiam visitas ilustres, desde o senador Dick Durbin, o segundo em importância na Câmara Alta do parlamento americano, até os representantes federais Luis Gutiérrez e Jan Schakowksy, e o reverendo Jesse Jackson.

A maioria dos trabalhadores são de origem mexicana, junto com um bom número de trabalhadores negros e alguns salvadorenhos e hondurenhos.

No domingo, Obama disse: "creio absolutamente que os trabalhadores, que pedem os benefícios e os salários pelos quais trabalharam, estão corretos, e entendo que o que lhes acontece é um reflexo do que ocorre em toda a economia".

Nesta terça-feira (9), o governador de Illinois, Rod Blagojevich, ordenou que as secretarias estaduais suspendam todos os negócios com o Bank of America até que este reverta sua decisão e abra uma linha de crédito para a empresa Republic. "Que tome parte do dinheiro federal que recebeu e o invista, para dar crédito necessário para esta empresa, conservando assim os empregos dos trabalhadores", manifestou.

"O Bank of America recebeu recentemente uma injeção de US$ 25 bilhões de fundos públicos e agora é um exemplo de como, enquanto se resgatam os grandes bancos, os trabalhadores são demitidos sem receber seus salários", afirma o sindicato.

O senador Durbin declarou aos meios de comunicação: "entregamos bilhões a bancos como o Bank of America, e a razão para isso era para que continuassem emprestando esses fundos a empresas como a Republica, para que não fossem perdidos postos de trabalho aqui nos Estados Unidos".

Enquanto os gerentes da empresa não aparecem, o Bank of America reiterou que não é responsável pelas práticas e decisões da Republica. Mas a ira dos trabalhadores se dirige tanto a seus patrões como também — e é aqui onde encontra eco nacional — contra um resgate financeira que só beneficia os executivos bancários e deixa em completo abandono milhões de trabalhadores, que padecem as conseqüências desta crise.

"Se não houver uma solução favorável, estamos dispostos a permanecer aqui pelo tempo que for necessário", comentou Leticia Márquez Prado, uma das trabalhadoras membro do sindicato em entrevista telefônica dada ao correspondente do La Jornada. Ela disse que as demandas mínimas eram o pagamento da demissão e das férias, entre outras remunerações que são devidas aos trabalhadores, mas que se desejava buscar uma forma de manter a fábrica em operações, cujo negócio foi impactado de forma severa pela crise econômica, particularmente no setor da construção

"O pior disso é que os trabalhadores estavam recebendo salários dignos, com benefícios de seguro de saúde e outros, e se perdem esses empregos só encontrarão, se encontrarem, empregos de salário mínimo e nenhum benefício", explicou Leticia.

Estava programada uma reunião entre representantes dos trabalhadores, da empresa e do banco para esta noite, a fim de tentar negociar uma solução.

Enquanto isso, o que seria uma notícia local, neste conjuntura se tornou um assunto nacional. Na noite de segunda-feira os telejornais das três principais cadeias de televisão colocaram reportagens sobre a ocupação em suas manchetes principais. Meios de comunicação nacionais eletrônicos e impressos caracterizaram esta ação como algo que se tornou "símbolo" do que estão padecendo os trabalhadores que perderam seus empregos durante esta crise ao longo do país (quase 2 milhões foram demitidos desde dezembro de 2007; mais de meio milhão somente em novembro).

Surpreendidos por todo alcance nacional, um dos trabalhadores, Melvin Maclin, também dirigente do sindicato, declarou à agência de notícias AP que "Nunca esperávamos isso. Ao contrário, achavamos que iriamos para a cadeia".

A ação gerou solidariedade entre vários sindicatos locais e nacionais, organizações civis e comunitárias, que prestaram apoio material e se somaram à campanha dos trabalhadores, que se revezam na ocupação 24 horas por dia.

A polícia não agiu e declarou que não tem nenhuma queixa de "atividade ilegal". "Não vamos nos mover", afirmou Melvin à CBS News. "Já é hora de nós, os pequenos, ficarmos de pé".

Silvia Mazon, outra trabalhadora, comentou no New York Times que "querem que os pobres continuem lá embaixo. Pois aqui estamos e não vamos a nenhum lugar até que nos dêm o que é justo e o que nos pertence". "Estamos fazendo história", disse, em outra entrevista.

Quase ninguém se lembra de quando foi a última vez que os trabalhadores tomaram uma fábrica nete país (talvez tenha ocorrido no fim dos anos 1980, quando mineiros de Virginia tomaram uma usina de processamento durante uma greve) e muitos dizem que o fato lembra cenas dos anos 1930, quando em Chicago e outras grandes cidades a militância sindical industrial sacudiu e transformou este país.

Talvez seja uma fagulha de algo novo (ou o ressucitar de algum mártir de Chicago).

Tradução: Site Vermelho

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Trabalho escravo é utilizado por poderosos


DCI - Diário Comércio Industria

A mão de obra escrava é utilizada no Brasil por um grupo minoritário da elite rural, mas formado por empresários com força política e com expressiva representação no Congresso Nacional, segundo informou o presidente da Subcomissão Temporária de Combate ao Trabalho Escravo, senador José Nery (PSOL-PA), em entrevista à Agência Senado. Para o parlamentar, essa parcela de empregadores envolvida com o crime de exploração do trabalho escravo, apesar de reduzida, tem o poder de impedir ações pela erradicação de tal prática no país.

- Hoje, não é o setor majoritário do campo que se envolve nessas práticas criminosas. É um setor reduzido, mas com muita força política, com forte representação no Congresso Nacional, que, muitas vezes, influencia negativamente para brecar iniciativas que fortaleçam e aprofundem a luta pela erradicação do trabalho escravo - ressaltou José Nery.

Na opinião do senador, o Parlamento pode contribuir efetivamente para eliminar o trabalho escravo se aprovar leis mais rigorosas para punir os criminosos. José Nery também sugeriu que os parlamentares, em seus pronunciamentos e debates, procurem sempre denunciar à sociedade e às autoridades a existência de trabalhadores em situação análoga à de escravo. Ele ainda recomendou que os senadores e deputados promovam permanentemente debates sobre o tema, bem como realizem campanhas de esclarecimento sobre os direitos dos cidadãos.

- Temos um papel mais amplo de fazer com que essa triste e vergonhosa realidade seja denunciada e colocada para toda a sociedade brasileira através de debates, de pronunciamentos, da cobrança das autoridades, tanto o governo federal como os estaduais. E, sobretudo, uma conclamação a toda a sociedade, a todos os segmentos, a todo o povo, pelo esclarecimento de seus direitos, na perspectiva de que cada cidadão, cada instituição, seja do poder público, da sociedade civil, dos movimentos sociais, tenha como tarefa denunciar e cobrar o fim do trabalho escravo, a erradicação do trabalho escravo - disse.

O presidente da Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, que funciona no âmbito da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), informou que o colegiado, além de buscar promover o aperfeiçoamento da legislação, também trabalha com o objetivo de acompanhar, fiscalizar, monitorar e incentivar as ações do Poder Executivo no que diz respeito ao 2º Plano Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. A subcomissão, uma iniciativa do presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), foi instalada em 22 março de 2007, composta por cinco senadores titulares e igual número de suplentes e com prazo de um ano para realizar suas atividades.

- A subcomissão no Senado foi um instrumento propulsor e animador desse debate e dessa rearticulação de todos os movimentos e de todas as personalidades, partidos e entidades que estão nessa causa. A subcomissão teve um papel importante na retomada das mobilizações em torno da luta de combate ao trabalho escravo - declarou o senador.

José Nery explicou ainda que Paim propôs a criação da subcomissão em caráter temporário por acreditar que o trabalho escravo no Brasil é algo passageiro na realidade brasileira, e não uma situação permanente. No entanto, disse o presidente da subcomissão, a atual fase em que se encontra a luta contra o trabalho escravo no Brasil demanda a discussão do tema de forma contínua no Parlamento, o que pode exigir a constituição de uma subcomissão com caráter permanente para tratar do tema.

- Creio que estamos no momento adequado para discutir o estatuto da subcomissão, talvez a tornando permanente, com a compreensão de que será permanente enquanto durar essa prática criminosa no Brasil, é permanente enquanto dure essa realidade tão trágica e de tanta violência contra a dignidade humana, que além de ser um acinte à Constituição federal, à Declaração Universal dos Direitos Humanos, é fundamentalmente uma das práticas mais criminosas que atentam contra a dignidade da pessoa humana no nosso país - observou José Nery.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Bolivia comemora aprovação de Constituição em referendo


O presidente da Bolívia, Evo Morales, comemorou neste domingo à noite a vitória do "sim" no referendo sobre a nova Constituição do país, depois que três emissoras de televisão locais anunciaram que cerca de 60% dos eleitores respaldaram o texto, segundo pesquisas de boca-de-urna.

Da varanda do Palácio presidencial Queimado, diante de uma praça Murillo lotada, em La Paz, Morales declarou: "Aqui acabou o Estado colonial. Acabou o neoliberalismo. E a partir de agora os recursos naturais são do povo e nenhum governo poderá, jamais, mudar essa situação".

Até a madrugada de segunda-feira, apenas 10% das urnas haviam sido apuradas. Quarenta por cento dos eleitores optaram pelo "não". O Tribunal Nacional Eleitoral boliviano tem um mês para encerrar a contagem do votos.

Em frente à multidão, Morales disse ainda que, com o resultado, começa "uma nova Bolívia, com maior dignidade para o povo boliviano". Em meio a fogos de artifício e erguendo bandeiras da Bolívia, a multidão gritava: "Evo, Evo".

Em nova mensagem à oposição, cujo reduto é uma região conhecida como "meia-lua", o presidente disse: "Felizmente, aqui não houve empate. E há um só ganhador: a Constituição. Em vez de meia-lua, será uma lua cheia". Morales afirmou que convocará todos os prefeitos (governadores) e parlamentares para a implementação da nova Carta.

Oposição

Até o fim da noite de domingo, a Corte Nacional Eleitoral não tinha divulgado dados oficiais. Mas se em La Paz - maior colégio eleitoral da Bolívia -, Cochabamba, Potosí e Oruro foi comemorada a vitória do "sim", nas regiões dominadas pela oposição - Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca - houve festa nas ruas pela vitória do "não".

Os governadores desses Departamentos (Estados) opositores declararam que não reconhecem o resultado nacional.

Em Sucre, capital de Chuquisaca, a prefeita (equivalente a governadora), a indígena quíchua Savina Cuellar, convocou a população a "desacatar" o novo texto constitucional.

"Espero que a Corte Nacional Eleitoral faça alguma coisa. Esse não foi um processo transparente. Foi um resultado com fraude", disse.

Ali, em meio às comemorações pela vitória do "não", exemplares da nova Constituição foram queimados diante das câmeras de televisão.

Ao mesmo tempo, em Santa Cruz de la Sierra, o prefeito (governador) de Santa Cruz, Ruben Costas, disse que o "não" deve ser "respeitado" pelo governo central. "O 'não' era a única forma de deter a violência e o autoritarismo", disse. Costas afirmou ainda que o governo enfrentará a "firme resistência" de Santa Cruz, caso queira "impor" um modelo de país que eles não desejam.

No mesmo palanque, o presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, Branko Marinkovic, acrescentou: "Ninguém pode negar que hoje temos uma Bolívia com duas visões. O presidente deve convocar a um pacto social. E de agora em diante nossa luta será contra esse modelo socialista inspirado no (presidente) Hugo Chávez". Ali, a multidão erguia a bandeira verde e branca de Santa Cruz e gritava: "no, no, no".

Pacto social

Para o constitucionalista Franklin Gutiérrez Larrea, entrevistado pela TV estatal, canal 7, "é tarde" para se falar em pacto social. Segundo ele, agora é hora de implementar (a Constituição), mesmo que aos poucos, a nova Carta Magna boliviana.

A primeira discussão promete ser sobre a legislação eleitoral e a convocação de eleições presidenciais em dezembro deste ano, segundo o vice-presidente, Alvaro García Linera. O debate será aberto no Congresso Nacional, onde o governo tem maioria na Câmara, mas não no Senado. (BBC Brasil)

domingo, 25 de janeiro de 2009

Bolívia vota hoje o novo texto constitucional.


Morales: denúncia de fraude é agonia dos derrotados

O presidente da Bolívia, Evo Morales, rejeitou neste domingo as denúncias dos opositores sobre uma possível fraude no referendo constitucional realizado no país, e qualificou estas acusações de "agonia dos derrotados".
Para o governante, os opositores sabem que a diferença a favor do "sim" à nova Constituição será "enorme" e, por isso, tentam gerar dúvidas sobre a transparência do processo.
"É o instrumento de agonia das pessoas derrotadas", ressaltou o líder boliviano em entrevista na cidade de Cochabamba, centro.
Morales defendeu o "alto espírito democrático" que os bolivianos estão demonstrando no referendo realizado hoje e aproveitou para dar parabéns aos rivais por comparecerem às urnas e terem "deixado de lado a violência".
O presidente disse estar otimista, porque "a democracia vai se impor neste dia histórico", e ressaltou a presença da comunidade internacional na Bolívia, onde há 350 observadores para vigiar o processo.
Mais de 3,8 milhões de bolivianos foram convocados hoje às urnas para apoiar ou rejeitar o texto constitucional com o qual Morales pretende "refundar" a Bolívia.

Manifesto: São Vito e Mercúrio - contra a demolição a favor da reforma dos edifícios


A Prefeitura de São Paulo ordenou a desocupação do Edifício Mercúrio: são 144 apartamentos, com 34 famílias ainda morando. O vizinho São Vito está desocupado desde 2004: são 624 apartamentos. Os dois edifícios juntos já abrigaram quase 800 famílias (mais de 2,4 mil pessoas), o mesmo número de moradias populares construídas pela Prefeitura na área central nos últimos 20 anos.

O projeto urbanístico da Prefeitura ainda prevê a desapropriação e demolição de outras construções de menor porte na mesma área, somando-se, no mínimo, mais 400 apartamentos.

O custo de demolição (por implosão) das quadras foi orçado pela Prefeitura em R$ 9.330.527,03 (base: janeiro 2008), equivalente a cerca de 165 novas unidades habitacionais, com impacto ambiental de 150 mil toneladas de entulho.

Da mesma maneira, a Prefeitura vem agindo na área que ela (re) denominou de "Nova Luz". Hoje, mais de três milhões de paulistanos vivem em aproximadamente 1,5 mil favelas e em mais de mil loteamentos irregulares, com infra-estrutura urbana precária, à espera de regularização, parte em áreas de mananciais, que coloca em risco o abastecimento de água do Município. O déficit habitacional na capital pode chegar a 1,5 milhões de moradias (cf. FGV).

O Centro de São Paulo

Se a cidade carece de infra-estrutura urbana e habitação, a região central possui uma grande oferta de serviços, equipamentos públicos, empregos e cerca de 40.000 unidades vazias, suficientes para residirem, no mínimo, 160 mil pessoas de pessoas. Há cerca de 600 mil pessoas que vivem em cortiços no anel central da cidade (FIPE, 1997), convivendo em espaços apertados e insalubres, em prédios velhos sem manutenção e com riscos de desabamento. Finalizando: há cerca de 15 mil pessoas que vivem em situação de rua, a maioria no Centro.

A pergunta

Por que, numa cidade parada no trânsito e cada vez mais dispersa em seu território, ocupando áreas de proteção de mananciais, com falta de habitação e de programas sociais que possam garantir um mínimo de qualidade de vida para as pessoas, a Prefeitura insiste em demolir edifícios como Mercúrio e São Vito, e erguer ali uma praça e um estacionamento?

A resposta

Porque priorizar obras viárias que proporcionam a decadência do Centro faz parte da história da formação de São Paulo. O Parque Dom Pedro II e seu entorno, incluindo o histórico destes dois edifícios, são uma prova disso.

É um modelo de desenvolvimento urbano que privilegia interesses imobiliários em detrimento das necessidades da maioria dos paulistanos; que gera deslocamento forçado daqueles que não conseguem pagar pela valorização, para lugares sempre mais afastados, de condições precárias de moradia, trabalho, educação, de uma vida digna.

É um modelo elitista e higienista de cidade, no qual os pobres são expulsos de seus lugares e excluídos de direitos que são de todos.

O desrespeito à lei

Segundo a Lei do Plano Diretor Estratégico do Município, parte da área se encontra em ZEIS – Zona Especial de Interesse Social, ou seja, destinada à habitação de interesse social. Querer eliminar estes imóveis é desrespeitar a lei que tem como objetivos a requalificação dos prédios, a manutenção da moradia e diversidade do Centro: opção não só mais econômica para os cofres públicos, como mais sustentável e humana.

Nossa LUTA

PROTESTAMOS CONTRA A DEMOLIÇÃO dos edifícios São Vito e Mercúrio. Assim como Zé Celso, em defesa do Teatro Oficina, como a Aliança pela Vida, pelo fim da violência contra os moradores de rua, e várias outras lutas travadas no Centro, todas são – a bem da verdade – faces de uma mesma moeda.

DEFENDEMOS A REFORMA. Mais do que defender o direito à moradia nestes e em outros prédios, defendemos o direito do paulistano de permanecer e morar no Centro, próximo a escolas, hospitais, infra-estrutura e de seu emprego.

defendemos o direito à cidade!

São Paulo, janeiro de 2009

Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida, CA XI de Agosto, Central de Movimentos Populares Brasil, Centro de Acolhida Frei Galvão-Sefras, Centro de Mídia Independente-Coletivo SP, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Cia de Domínio Público da Cooperativa Paulista de Teatro, CEDISP–Comitê pela Educação e Democratização da Informática-SP, CEEP-Centro de Educação, Estudos e Pesquisa, Consab's-São Miguel Paulista/Itaim Paulista/Ermelino Matarazzo/

Penha, Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo-Conselho de Leigos da Região Episcopal Ipiranga, Instituto Paulista de Juventude, Instituto São Paulo de Cidadania e Politica, Sociedade Defenda Mirandópolis, Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns-PUC/SP, Fórum Centro Vivo, Grupo de Assessoria para Ações Sustetntáveis, Grupo Risco, Habitat Projeto e Implantação para o Desenv. do Meio Habitado e Urbano, Instituto Polis, Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos–FAUUSP, Marcha Mundial de Mulheres, Movimento de Moradia do Centro-MMC, Movimento Nacional da População de Rua-SP, Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, Peabiru-Trabalhos Comunitários e Ambientais, Rede Popular de Estudantes de Direito-SP, Sempreviva Organização Feminista.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Segurança no FSM 2009?



As "novas" armas que serão usadas pela força nacional no Fórum Social Mundial 2009, em belém, a partir do dia 1 de fevereiro podem ser mais uma amostra do que este governo quer representar.

Chamadas de Taser, essas armas disparam um choque elétrico "não-letal" nos oponentes. A questão é: que oponentes? qual o objetivo desta nova aquisição das forças de segurança nacionais? porque apresentá-las justamente no FSM 2009?

um artigo publicado em portal de jornalismo de uma universidade de portugal, nos adianta algo.:

Armas Taser provocaram 334 mortos desde 2001 nos EUA
Por Cláudia Sobral
Publicado: 29.12.2008 | 12:17 (GMT)
Marcadores: Armas , Canadá , Direitos Humanos , EUA , Segurança

Os Estados Unidos e o Canadá são os países onde as armas de choques eléctricos têm causado mais problemas. Em Portugal, estas armas já foram usadas nove vezes.

As Taser (armas de choques eléctricos) já mataram 334 pessoas desde 2001 nos Estados Unidos da América (EUA). Estes são números divulgados pela Amnistia Internacional (AI) naquele que é o relatório mais recente sobre estas armas. Para contrariar estes números, as autoridades alegam que muitas destas mortes se devem ao consumo de estupefacientes.

“Less than Lethal?”, assim se chama o relatório [PDF] , junta-se a outros avisos já feitos, tanto pela AI, como por outras organizações. O Comité Contra a Tortura da Organização das Nações Unidas também já se mostrou preocupado com este problema.

As Taser são armas supostamente não-letais, que através de descargas de energia, paralisam a pessoa atingida.
Usadas em situações desnecessárias

Acalmar indivíduos violentos sem ter de recorrer a disparos é o objectivo destas armas. O problema é que têm sido usadas em circunstâncias em que não se justifica recorrer ao seu uso, principalmente nos EUA e no Canadá.

“90% dos indivíduos que morreram na sequência de terem sido atingidos por uma Taser estavam desarmados e não aparentavam ou não representavam uma ameaça real”, segundo a AI.

O relatório “Less than Lethal?” fala mesmo no uso de Taser contra crianças, idosos e deficientes. Isto quando estudos recentes provam que o uso destas armas é seguro apenas em adultos saudáveis.

Um dos casos que ficou mais conhecido foi o do polaco Robert Dziekanski [vídeo no YouTube], morto depois de ser atingido por choques eléctricos. Quando a policia disparou, Dziekanski já não estava a ter um comportamento agressivo.
Uso de Taser aumenta no Canadá

De acordo com uma investigação feita pela rádio e televisão canadiana CBC News, o uso das Taser no Canadá aumentou para mais do dobro entre 2005 e 2007.

O Canadá [PDF] é, a par dos EUA, um dos países em que o uso deste tipo de armas tem suscitado mais problemas.

Nos EUA, as Taser não são consideradas armas de fogo e podem ser usadas por civis na maior parte dos estados, segundo a CBC. Já no Canadá, há restrições ao uso deste tipo de armas, tal como acontece com as armas de fogo.
PSP e GNR também as usam

Em Portugal, a Policia de Segurança Pública (PSP) e a Guarda Nacional Republicana (GNR) dispõem deste tipo de armas desde 2006. Somam-se, ao todo, 88 armas de atordoamento por choques eléctricos.

As forças de segurança portuguesas já recorreram a Taser pelo menos nove vezes, segundo dados avançados pela Lusa. No entanto, só são utilizadas “em último recurso, antes de se recorrer às letais”, explica o comandante da Companhia de Operações Especiais da GNR, capitão António Quadrado, citado pela agência.

Explicou que quem utiliza estas armas tem formação específica e obedece a um conjunto de regras que define em que circunstâncias podem ser utilizadas.

Indústria diz que as Taser são seguras
A Taser International, empresa produtora das armas, insiste, segundo a CBC News, na ideia de que estas armas de atordoamento estão entre as opções de uso da força mais seguras. Segundo a AI, a empresa produtora afirma que as Taser são “seguras e não letais e que não estão abertas ao escrutínio”.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

FSM 2009: PSOL Presente!


A militância do PSOL já está de malas arrumadas para participar do Fórum Social Mundial. Estaremos na Grande Marcha de Abertura que acontece na terça-feira (27/1) às 15 horas, com saída da escadinha do Cais do Porto.
As quatro mesas organizadas ou co-patrocinadas pela Fundação Lauro Campos terão como temas "A crise econômica mundial e os desafios para a esquerda", "Os desafios da esquerda latino-americana", "A auditoria cidadã da dívida" e "Amazônia: mudanças climáticas e crise global". Os movimentos sociais também organizam uma importante atividade com o tema "Crise, os desafios da classe trabalhadora e a reorganização do movimento sindical e popular", patrocinado por sindicatos e movimentos sociais vinculados à Intersindical, MTL e Conlutas dentre outros. Veja a programação.

Programação

27 de janeiro de 2009

14:00 - Marcha de Abertura do Fórum Social Mundial

Concentração às 14 horas e saída às 15 horas da Escadinha do Cais do Porto em direção ao Mercado de São Brás (o partido se organizará em uma ala dentro da Marcha).


28 de janeiro de 2009

08:00 às 11:30 - Debate: A crise econômica mundial e os desafios para a esquerda

Presenças de: Heloisa Helena (presidente do PSOL); Reinaldo Gonçalves (economista); François Ollivier (Novo Partido Anticapitalista da França); François Houtard (Centro Tricontinental de Louvain - Bélgica) e Gilmar Mauro (MST).
Local: Tenda Panamazônica - UFRA.

15:00 às 18:00 - Plenária dos Sindicalistas do PSOL

Local: Centro Social de Nazaré (próximo a Basílica de Nazaré).


29 de janeiro de 2009

09:00 às 17:00 - Oficina: Escravidão no século XXI: vamos acabar com essa vergonha

Presença do Senador José Nery Azevedo e entidades do Comitê pela Erradicação do Trabalho Escravo.
Local: Tenda Irmã Dorothy.

09:00 às 12:00 - Debate: A crise, os desafios da classe trabalhadora e a reorganização do movimento sindical e popular

Presença de sindicalistas que estão na Conlutas e na Intersindical, além dos companheiros do MTL.
Local: Ginásio da UEPA - Avenida Almirante Barroso.

19:00 - Plenária Nacional de Negros e Negras do PSOL

Sede do PSOL Pará (Av. Generalíssimo Deodoro, 235 - Umarizal).

19h45m - Exibição do vídeo "O Resgate da política" e debate com Chico Alencar, Ivan Valente, Marcelo Freixo e Plínio de Arruda Sampaio no cinema da Universidade Federal Rural da Amazônia ( Avenida Presidente Tancredo Neves, 2501 no Bairro Terra Firme).

30 de janeiro de 2009

12:00 às 15:00 - Painel: Os desafios da esquerda latino-americana no atual período

Presenças de Éric Toussaint (Comitê Belga para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo); Jesus Martinez (Universidade Bolivariana de Trabalhadores de Rivero); Luis Bonilla (Centro Internacional Miranda do Ministério de Educação Popular de Venezuela) e Martiniano Neto, Pedro Fuentes e João Batista Araújo - Babá (dirigentes do PSOL).
Local: Campus Profissional da UFPA - Bloco D - Sala 09.

15:30 às 18:30 - Painel: Auditoria da Dívida na América Latina e CPI da Dívida no Brasil

Presenças de Fernando Lugo (presidente do Paraguai); Éric Toussaint (Comitê Belga para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo); Ivan Valente (deputado federal PSOL/SP); Maria Lucia Fattorelli (Auditoria Cidadã da Dívida); Aurora Donoso (Membro da Comissão Oficial da Auditoria da Divida do Equador) e Babá (Executiva PSOL e Unidos pra Lutar / Conlutas).
Local: Tenda Multiuso IV da UFRA.


31 de janeiro de 2009

15:00 às 18:30 - Conferência: Amazônia, mudanças climáticas e crise global: um debate na perspectiva do ecossocialismo

Presença de Michael Lowy (cientista social); João Alfredo (vereador PSOL Fortaleza); Osmarino Amancio (líder dos seringueiros); Vittorio Agnoletto (Deputado do Parlamento Europeu); Edmilson Rodrigues (ex-prefeito de Belém) e João Capiberibe (ex-governador do Amapá).
Local: Tenda Panamazônica - UFRA.

17:00 - Reunião de partidos anticapitalistas e socialistas

Convocação do PSOL e do Novo Partido Anticapitalista - NPA da França.
Local: UFPA - Setor Básico - Bloco M - Sala 03).


Pontos de Encontro no FSM:

Tenda do PSOL - UFRA
Estande Fundação Lauro Campos - UFPA

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

FSM 2009: A luta contra Belo Monte

Correio da Cidadania

Participei recentemente de uma reunião muito interessante, preparatória do 9º Fórum Social Mundial, na sede da FVPP (Fundação Viver Produzir e Preservar), em Altamira. Os representantes das populações indígenas, ribeirinhas, extrativistas, dos agricultores e dos movimentos sociais da bacia do rio Xingu pretendem fazer no Fórum uma reedição, ampliada, do encontro Xingu Vivo Para Sempre, realizado aqui em maio do ano passado. E assim, denunciar para o mundo as ameaças ao rio, decorrentes do modelo de desenvolvimento planejado para a região.

A sala estava lotada, com cerca de trinta ou quarenta lideranças (todos ali eram representantes de um movimento, associação ou localidade) – havia também alguns religiosos. A etapa de apresentações levou mais de uma hora. Mas foi particularmente interessante, pois contou com a participação do documentarista alemão Matin Kessler, que veio ao Brasil para documentar os protestos de repúdio ao projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte no Xingu que acontecerão no FSM que se aproxima. O documentarista filmou cada uma das apresentações, registrando as preocupações em relação à construção da hidrelétrica.

A maior parte dos depoimentos vinha de moradores da Volta Grande do Xingu, que seriam diretamente afetados pela barragem. Esta região tem uma importância histórica especial, pois foi em Altamira que se iniciou a construção da Rodovia Transamazônica, e muitos dos primeiros colonos que para cá vieram, na década de 1970, instalaram-se justamente na região da Volta Grande. Hoje, aqueles colonos e seus descendentes, os primeiros a acreditarem no sonho de país que se prometia na década de 1970, e que tinha na Transamazônica um de seus símbolos principais - justamente eles, reparem que ironia -, temem ter que deixar as suas terras melhoradas à custa de tantos sacrifícios. Novamente em busca de um "desenvolvimento" que nunca chega. E que não chegará com a barragem.

Num jogo de empurra-empurra que já começou, a Eletronorte diz que a realocação dos desabrigados não é problema dela. O que é um mau começo se ela pretendia estabelecer ao menos uma imagem socialmente positiva, especialmente na região. A maior parte dos moradores nem tem títulos oficiais de suas terras. Então nem direito à indenização teriam. E mesmo que ganhassem lotes de terra equivalentes, não teriam os seus pés de cacau cultivados ao longo de tantos anos, como vários deles disseram.

Um aspecto particular, bastante comentado, foi a questão das muriçocas ou pernilongos, que devem proliferar-se num grande trecho do rio abaixo da barragem, onde o fluxo será permanentemente reduzido. Isto porque boa parte da água será desviada para canais que cortam a volta do rio, onde serão instaladas várias das turbinas, só retornando abaixo da Volta Grande. O Xingu é um rio extremamente pedregoso e, com a descida do nível das águas, criam-se piscinas ideais para a proliferação das larvas.

Além disso, a descida no lençol freático da região, sozinha, já deve matar uma boa quantidade de árvores. Imaginem então o efeito desta mudança sobre a intensidade das secas na região. Os moradores da Volta Grande, que atualmente estão muito bem adaptados àquela região, passariam, com a criação da barragem, imediatamente a enfrentar escassez de água e uma explosão populacional de mosquitos. Já nós, em Altamira, que ficaríamos acima da barragem, sofreríamos com uma cheia constante que, além da destruição do rio e das praias (com enorme potencial turístico), comprometeria o funcionamento das fossas e do escoamento da rede de esgotos. Sobre os supostos benefícios da hidrelétrica, a Irmã Ignêz Wenzel, da Prelazia Xingu, falou: "Queremos receber os royalties do oxigênio e não de uma água podre".

Na minha vez de me apresentar, falei rapidamente sobre a minha preocupação especial com a multiplicação dos acessos rodoviários nas regiões das barragens (ou as benfeitorias em estradas já existentes), que desencadeiam catastróficos e incontroláveis processos de colonização e degradação ambiental. No caso específico de Belo Monte, para a construção da usina será necessária a pavimentação da Transamazônica e isso sozinho já terá um efeito devastador sobre a região. Altamira ainda é uma cidade tranqüila, com baixa criminalidade e poucos carros nas ruas. E isso só acontece porque estamos "protegidos" por centenas de quilômetros de estradas de terra, sem contato por asfalto. Com a construção da hidrelétrica, que, estima-se, atrairia para a região cerca de 100 mil pessoas (mais do que a população atual do município), e a pavimentação da Transamazônica, o estado de relativa tranqüilidade e preservação ambiental em que vivemos mudaria radicalmente em poucos anos.

Este é o argumento central (nunca respondido) de um antigo debate que tenho no Correio da Cidadania com o consultor no campo da energia, Joaquim Francisco de Carvalho (ver A hidrelétrica de Kararaô e os movimentos populares), que defende o aproveitamento hidroelétrico dos rios amazônicos para satisfazer a futura demanda brasileira por eletricidade. Na edição 328, de 2003, ele escreveu: "Os rios amazônicos permitirão que o Brasil satisfaça a demanda por eletricidade nas próximas décadas, sem recorrer em grande escala a usinas termelétricas a carvão, óleo ou gás natural, que lançam na atmosfera muitos poluentes e gases de estufa, como o gás carbônico". Esta projeção é o pesadelo para quem sabe dos impactos das hidrelétricas e se preocupa com a preservação da floresta. E seguiu defendendo, especificamente, a construção de Belo Monte, no Xingu, o que me perturbou especificamente pela minha vivência nas terras dos índios kayapó, e ainda mais agora que vivo em frente ao rio, na área que seria afetada pela barragem.

É interessante como este argumento aparece agora com crescente força à medida que o debate acerca da construção das hidrelétricas na Amazônia esquenta. A idéia de que o combate às hidrelétricas é responsável indireto pela poluição das termoelétricas foi o ponto central do editorial da Folha de São Paulo de 8 de janeiro deste ano ("Energia poluidora"). O texto refere-se ao Plano Decenal de Expansão de Energia, divulgado maliciosamente pelo governo no apagar das luzes de 2008 e que prevê a criação de quase uma centena de unidades termelétricas até 2017, mais que dobrando o número atual, e triplicando as emissões de gás carbônico do setor. Para a Folha, os dados indicam que a expansão da matriz energética "caminha na contramão dos esforços para minimizar os efeitos do aquecimento global, que podem ser obtidos sem a utilização do combustível fóssil - com a hidroeletricidade, por exemplo".

E concluíram "os radicais do ambientalismo (como aqueles senhores e as senhoras da reunião a que assisti, preocupados com o rio, com a multiplicação das muriçocas e a destruição das suas roças de cacau), quando bloqueiam a exploração racional (quem julga o que é ou não racional?) da bacia amazônica, ajudam a despejar toneladas adicionais de gás carbônico na atmosfera". Isso porque o plano prevê que a fonte hídrica deverá cair na participação na matriz elétrica, mesmo com a construção prevista de 71 novas hidrelétricas, Belo Monte entre elas. Reparem que mesmo com a derrota dos índios, ribeirinhos e ambientalistas e a construção da hidrelétrica de Belo Monte - além de várias outras, diversas das quais com seus problemas ambientais e sociais particulares -, ainda somos acusados pela construção das termelétricas. Claro, porque se não fosse o barulho dos ambientalistas, não estaria oficialmente prevista "apenas" a construção de Belo Monte, mas de toda a sequência de barragens que sabidamente se planeja para este rio, uma vez que esta resistência inicial seja quebrada. Resultando não apenas na morte do rio, mas na destruição completa de toda a metade oriental da floresta amazônica.

As hidrelétricas geralmente não são limpas porque trazem desmatamentos em grande escala com muita emissão de carbono. Além do mais, elas mesmas lançam para a atmosfera grandes quantidades de gases causadores do efeito estufa. Está claro que, ao invés de se pensar em expandir obsessivamente a matriz energética a todo custo, na verdade devemos tentar torná-la mais limpa, substituindo as fontes mais poluidoras por outras realmente limpas, sem mencionar a redução do consumismo, causa básica de todo este frenesi por energia. É evidente que há de se reduzir o consumo, pois até mesmo as fontes mais limpas, como seria a eólica, alimentam um sistema falido de produção e consumo insustentável.

Reduzir a demanda por energia. Essa é a verdadeira meta. Se isso é o óbvio ignorado ou um delírio de "ambientalista radical" vai de cada um. Acredita-se ou não que "outro mundo é possível". A luta contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte no Xingu é uma questão da maior importância para a toda a humanidade e o 9º Fórum Social Mundial, em Belém (que é o portão de entrada da floresta amazônica), é uma oportunidade de ouro para dar a ela a evidência que merece.

Rodolfo Salm, PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, é professor da Universidade Federal do Pará.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Memorial da Resistência

No próximo dia 24 de janeiro será inaugurado o Memorial da Resistência, objeto de muita luta e insistência dos ex-presos políticos de São Paulo. Não será uma simples reinauguração do mesmo espaço, mas a instalação pública de um projeto museólogo criativo e marcante do período de ditaduras em nosso país.
O velho prédio do Largo General Osório, que foi sede de estação ferroviária e do antigo DEOPS/SP, passou por uma cruel descaracterização. Foram destruídas duas celas e o Fundão (antigas celas fortes solitárias), todo o espaço recebeu pinturas modernosas, foram destruídos os infectos banheiros e rasparam as paredes onde estavam inscrições feitas por gerações de presos políticos das várias ditaduras e períodos de repressão do movimento operário e popular do Brasil.
Com um toque de ironia, o lugar maquiado recebeu o nome de Memorial da Liberdade como forma de apagar a Resistência e a determinação de milhares de combatentes, que nunca aceitaram a opressão das classes dominantes e seus instrumentos ditatoriais.
Vários ex-presos políticos e pessoas sensíveis à História lutaram pela reconstituição daquele lugar como marco de lutas contra as ditaduras e começaram por exigir a mudança de nome para Memorial da Resistência, pois ali havia Resistência e nenhuma Liberdade.
O atual governo estadual aceitou a visão dos militantes do Fórum Permanente dos ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo e fez a mudança do nome e uma significativa reforma para devolver um aspecto semelhante ao que era originalmente. Foram instalados vários equipamentos audio-visuais que permitem ao visitante saber o que foi aquele lugar e as tantas barbaridades cometidas contra nosso povo e seus mais destacados militantes.
Uma das celas foi reconstituída para mostrar as condições de vida dos presos e, para não esconder as torturas e assassinatos cometidos pelos carrascos, os equipamentos mostram depoimentos de pessoas que por lá passaram.
Desde o ano passado o Fórum dos ex-Presos Políticos realiza no auditório daquele prédio palestras e debates para jovens e todas as pessoas interessadas. São os Sábados Resistentes, que reuniu uma média de 70 pessoas por evento.
A inauguração do novo Memorial da Resistência, marca o início de várias atividades que, ao longo do ano o Fórum vai desenvolver para marcar, entre outras datas:

- Os 30 anos da Lei da Anistia;

- Os 40 anos sem Marighella;

- Os 30 anos sem Santo Dias da Silva;

- Os 40 anos da morte do Almirante Negro, João Candido;

- Os 45 anos do Golpe de 1964;

- Os 40 anos da criação da infame OBAN.

Durante o ano todo vamos continuar lutando pela Memória, Justiça e Verdade, para que nunca mais se repitam os horrores da ditadura.

Ajude a divulgar esta mensagem e vamos todos nos encontrar para continuar nossa luta pela Verdade e relembrar que somos Pela Vida, Pela Paz: Tortura, Nunca Mais!

Data: dia 24 de janeiro de 2009

Hora: 11 horas

Local: Memorial da Resistência (Estação Pinacoteca - Largo General Osório, 66)

Estacionamento no local

O novo Memorial da Resistência quer mostrar que a Humanidade foi mais forte, derrotou a opressão, a tortura e a barbárie.
Mais importante que tudo é passar para as novas gerações a certeza de que vale a pena lutar por Liberdade, Justiça e por uma Sociedade Justa e Igualitária.

Contamos com sua presença e participação!

Raphael Martinelli, Maurice Politi e Ivan Seixas

Fórum Permanente dos ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo

domingo, 18 de janeiro de 2009

Crimes de Israel, a ONU e o Brasil

Hamilton Octávio de Souza

A grande imprensa ocidental distorce, mas não consegue esconder a indignação geral dos povos do mundo em relação ao ataque das forças armadas do Estado de Israel contra os moradores – mais de 1,5 milhões de habitantes – da faixa de Gaza. Trata-se, antes de tudo, de uma ação bárbara, na medida em que tropas militares profissionais, fortemente equipadas, dotadas de alta tecnologia, bombardeiam populações civis que resistem à pobreza e às piores condições de vida.

O que o Estado de Israel está fazendo é crime contra a humanidade, é genocídio puro, é atrocidade semelhante ao que o povo judeu sofreu na Europa dominada pelo nazismo, nos anos de 1940-1945, quando estava confinado em guetos e em campos de concentração e era assassinado nas câmaras de extermínio. Agora a população palestina de Gaza está sendo exterminada pelas bombas dos aviões, helicopteros e tanques de guerra do Estado criado pela ONU para os judeus.

Dizer que se trata de uma guerra é falso, já que não existem exércitos em confronto. A maioria da população de Gaza não ameaça e não ataca Israel, não tem tropas, nem bombas, nem canhões, nem aviões. Quem ataca Israel é a organização denominada Hamas, que é um grupo político que pratica a luta de guerrilha, a resistência contra a ocupação de territórios por Isarel. Atacar toda a população da faixa de Gaza para acertar os guerrilheiros do Hamas é sinônimo de barbárie.

A violência contra Gaza afronta toda a humanidade, generaliza a insegurança e a impotência dos povos diante do uso da força no lugar do diálogo e da negociação diplomática e política. É a substituição da ONU pela vontade egoísta e individual de um Estado; é a substituição da razão e do bom senso pela sandice e a bestialidade; é a substituição dos esforços para a preservação da vida pela adoração da máquina da morte. O ataque à Gaza atinge todos os seres humanos do mundo.

O que mais impressiona nos fatos dos últimos 20 dias é que nenhum governo e nenhuma nação tentaram impedir com veemência a voracidade destrutiva do Estado de Isarel, nem mesmo os Estados Unidos – a maior potência econômica e militar da face da Terra. Ao contrário, vários governos de países ricos demonstraram uma enorme tolerância e até conivência com as atrocidades praticadas pelos exércitos de Israel, que são abastecidos em armamentos pelo império americano.

A hipocrisia dos governos esconde a desumanização da política internacional, que é cheia de ritos e cerimônias, salamaleques de todos os tipos e gostos, mas que aceita o sacrifício de mil vidas como se o quadro estatístico não demandasse a menor urgência. Famílias inteiras foram dizimadas, escolas e abrigos infantis foram covardemente atacados, muitos jornalistas são censurados e impedidos de contar e mostrar para o mundo a realidade mais dura e cruel do genocídio.

O governo brasileiro divulgou nota formal de repúdio aos atos praticados pelo Estado de Israel, mas não deu um basta ao governo israelense. Nem a ONU nem as principais potências foram duras com os crimes de Israel. Ninguém ameaçou cortar relações com Israel e nem praticar boicote econômico e de transportes. O Brasil não escancarou para o mundo uma posição firme, seguida de ações concretas para impedir os massacres dos árabes e palestinos nos guetos de Gaza. Os interesses econômicos do mundo falam mais alto do que o compromisso humanitário.

Os assassinatos em massa comandados pelo governo de Isarel sempre revertem na insegurança crescente do próprio Estado judeu, onde o povo acaba pagando pela insensatez das lideranças. A indignação dos povos do mundo é necessária, pois é a única forma que temos de nos humanizar – e de dizer a plenos pulmões que não compactuamos – nem hoje e nem nunca - com o massacre de Gaza. Pela criação do Estado Palestino, independente e soberano. Pela paz!


Hamilton Octavio de Souza

jornalista e professor universitário.

Luta contra os pedágios no Rodoanel de SP

Encontra-se em tramitação na Assembléia Legislativa de São Paulo o Projeto de Decreto Legislativo (PDL 91/07) que revoga (anula) o Decreto 52.036/07, do governo estadual, autorizando a cobrança de pedágio no Rodoanel.

A cobrança é inconstitucional, pois afronta e viola a Lei Estadual 2481/53, que proíbe a instalação de pedágios num raio de 35 km a partir do marco zero (Praça da Sé) da cidade de São Paulo. Além disso, vai na contramão de um dos objetivos que levaram à sua construção: desafogar o trânsito nas Marginais Pinheiros e Tietê e na cidade de São Paulo como um todo. Os usuários já pagam pedágios nas estradas estaduais. Não tem sentido taxar o tráfego no anel viário de entroncamento entre elas.

As conseqüências dessa perversa e danosa medida do governador José Serra são: aumento dos fretes e das passagens de ônibus, do custo de vida na Grande São Paulo, mais caminhões circulando na capital e lucro fácil para a empresa concessionária.

Além do PDL 91/07 de sua autoria, o deputado estadual e professor Carlos Giannazi ingressou com uma Representação no Ministério Público exigindo a retirada imediata dos pedágios do Rodoanel.

*Se você é contra o pedágio participe desse movimento e pressione a Assembléia Legislativa a votar o PDL 91/07, que anula a autorização para a sua cobrança. *

**Manifeste também sua contrariedade junto ao Ministério Público exigindo providências.Envie e-mails para os deputados na Assembléia Legislativa www.al.sp.gov.br e para o Ministério Público Estadual: cidadania@mp.sp.gov.br

*Mais informações: Assembléia Legislativa de São PauloGabinete do deputado estadual Carlos Giannazi*

*Fones: (11) 3886-6686 e 3886-6690E-mail carlosgiannazi@uol.com.br*
*Site: www.carlosgiannazi.com.br*

50 anos depois... O mesmo desafio de fazer a Revolução


"A tirania foi derrubada. A alegria
era imensa.
Contudo, ainda faltava
muita coisa a fazer.
Não nos
enganemos pensando que agora
tudo
será mais fácil; talvez, a partir
de agora,
tudo seja mais difícil".
Fidel Castro

Essas foram as palavras ditas por Fidel Castro ao povo no dia em que entrou em Havana, em 8 de janeiro de 1959. Muitos não imaginaram o imenso desafio que teriam perante si.

Poucos dias depois, Fidel proclamou o direito à autodeterminação nas relações com os Estados Unidos e isso foi suficiente para iniciarem imediatamente as agressões, os planos de atentados contra ele e para a irritação dos políticos norte-americanos, sendo prova disso os discursos e artigos da época, como por exemplo, o editorial da revista Time, porta-voz dos setores mais conservadores, intitulado "O neutralismo de Fidel Castro é um desafio para os EUA". Nem neutros podiam ser os cubanos diante dos Estados Unidos.

O triunfo da Revolução, em janeiro de 1959, significou para Cuba a possibilidade real, pela primeira vez na sua história, de exercer o direito à livre determinação. Desde esse momento, nem o presidente, nem o Congresso, nem os embaixadores dos EUA puderam decidir o que se podia ou não fazer em Cuba. Acabou a amarga dependência, pela qual, os governantes norte-americanos e seus embaixadores dispunham de um poder muitas vezes maior para decidir em Cuba, que o poder real que tinham para tomar decisões dentro do governo federal dos EUA, em relação a quaisquer dos 50 estados que formam a União.

Foi precisamente em exercício deste direito que, depois de conquistada a independência nacional, começou logo a aplicação do programa anunciado por Fidel no julgamento do Moncada, em 1953, e inserido na sua histórica alegação A História me Absolverá.

Cuba estabeleceu o sistema econômico e social que considerou mais justo e a um Estado socialista com democracia participativa, igualdade e justiça social.

Nessa época, a economia do país caracterizava-se por um escasso desenvolvimento industrial, dependendo fundamentalmente da produção açucareira e de uma economia agrícola concentrada nos latifúndios, onde os latifundiários controlavam 75% do total das áreas agrícolas.

A maior parte da atividade econômica do país e seus recursos minerais eram controlados por capitais norte-americanos, que dispunham de 1,2 milhão de hectares de terra (uma quarta parte do território produtivo), além de controlar a parte fundamental da indústria açucareira, a produção de níquel, as refinarias de petróleo, os serviços de eletricidade e de telefone, a maior parte do crédito bancário, e outros.

O mercado estadunidense abrangia, aproximadamente, 70% das exportações e importações cubanas, sendo os volumes do intercâmbio comercial muito dependentes: Em 1958, Cuba exportava produtos avaliados em 733 milhões de pesos e importava a 777 milhões.

A situação social existente caracterizava-se pelo elevado desemprego e analfabetismo, o sistema de saúde, a assistência social e o estado das moradias da maior parte da população eram precários, e existiam abismais diferenças nas condições de vida entre a cidade e o campo. Existia uma elevada polarização e distribuição desigual das receitas: em 1958, 50% da população dispunha apenas de 11% das receitas e 5% concentrava 26% das rendas. Além disso, a discriminação racial e da mulher, a mendicidade, a prostituição e a corrupção social e administrativa se tinham propalado.

A inadiável solução dos problemas sociais e econômicos mais urgentes da sociedade cubana apenas podiam encarar-se com a livre disposição das riquezas e recursos naturais, e, assim, sob o amparo da Constituição, aprovada em 1940, e conforme as normas do Direito Internacional, Cuba exerceu o direito de dispor desses recursos e assumiu as obrigações derivadas disso, indenizando todos os recursos nacionais de terceiros países (Canadá, Espanha, Inglaterra, etc) excetuando os nacionais dos Estados Unidos, cujo governo rejeitou as disposições cubanas e converteu esta decisão do Estado cubano num pretexto para desencadear uma guerra sem precedentes na história das relações bilaterais entre duas nações.

A Revolução não só entregou a propriedade da terra aos camponeses, que até esse momento eram submetidos a condições semi-feudais de produção e obrigados a viverem na extrema pobreza, mas também, os recursos que o país tinha, foram destinados ao desenvolvimento econômico da nação e à melhora das condições materiais e de vida da população. Para termos uma idéia, na década de 80, foram destinados aproximadamente 60 bilhões de pesos à construção de unidades produtivas e de obras sociais.

O processo de industrialização implementado permitiu o início da diversificação econômica e produtiva. Até o início da crise econômica, resultante do colapso da União Soviética e do bloco socialista europeu, entre 1989 e 1991, chamada de período especial em Cuba, aumentou em 14 vezes a capacidade de produção de aços; em seis vezes, a produção de cimento; em quatro vezes, a produção de níquel; em dez vezes, a de fertilizantes; em quatro vezes, a de refinação de petróleo (sem contar a nova refinaria de Cienfuegos); em sete vezes, a produção de têxteis; em três vezes, o turismo, para apenas mencionar alguns setores. Também foram criados novos setores e novas indústrias, como a indústria da construção de maquinarias, a mecânica, a eletrônica, a produção de equipamentos médicos, a indústria farmacêutica, a indústria de materiais da construção, a indústria do vidro, da cerâmica, e outras. A isso se somam os investimentos com que aumentaram e modernizaram as indústrias açucareira, alimentícia e dos têxteis. A esse esforço une-se o desenvolvimento da biotecnologia e da engenharia genética, e outros ramos científicos.

O país também melhorou a infra-estrutura. A geração de eletricidade aumentou em mais de oito vezes, a capacidade de água armazenada aumentou em 310 vezes, de 19 milhões de metros cúbicos em 1958, atualmente é de acima dos 9 bilhões. Também houve diversificação de estradas e rodovias, modernização dos portos e outros. As necessidades sociais foram satisfazendo-se, exceto a habitação, que é o grande problema cubano.

O progressivo crescimento e diversificação do potencial produtivo e a aplicação de um programa social permitiram enfrentar o desemprego. Em 1958, de 6 milhões de habitantes, por volta de um terço da população economicamente ativa estava desempregada, dela, 45% nas zonas rurais, enquanto de 200 mil mulheres empregadas, 70% trabalhava de doméstica. Atualmente, com 11 milhões de habitantes, o número de pessoas empregadas é de mais de 4,5 milhões. Mais de 40% dos trabalhadores são mulheres, representando mais de 60% da força técnica e profissional do país.

Em 1958, a cifra de analfabetos e semi-analfabetos atingia 2 milhões. A média de escolaridade entre as pessoas maiores de 15 anos não ultrapassava a terceira série, mais de 600 mil crianças não freqüentavam a escola e 58% dos professores não tinham emprego. Apenas 45,9% das crianças em idade escolar tinha matriculado e metade delas não freqüentava a escola, conseguindo terminar o ensino primário 6% das crianças matriculadas. As universidades mal tinham capacidade para 20 mil estudantes.

O setor da educação recebeu imediatamente a atenção do Estado revolucionário. O primeiro programa foi a campanha de alfabetização com a participação da população. Construiu-se uma ampla rede de escolas em todo o país e mais de 300 mil professores trabalham no setor. A média de nível escolar entre os maiores de 15 anos é de nona série. Os 100% das crianças em idade escolar matriculam nas escolas e os 98% terminam o ensino primário e 91%, o secundário. Um em cada 11 habitantes é universitário e um em cada oito têm algum nível de preparação técnico-profissional. Há 650 mil estudantes nas universidades e o ensino é gratuito. Além disso, 100% das crianças com deficiências físicas e mentais têm a possibilidade de se prepararem para a vida em escolas especiais.

Em 1958, a precária situação da saúde pública se caracterizava por uma mortalidade infantil que ultrapassava 60 em cada mil nascidos vivos e a mortalidade materna 118 mil em cada 10 mil. A taxa de mortalidade por gastrenterite era de 41,2 em cada cem mil e a de tuberculose 15,9 em cada cem mil. Nas zonas rurais, 36% da população padecia de parasitas intestinais, 31% malária, 14% tuberculose e 13% febre tifóide. A esperança de vida ao nascer era de 58,8 anos.

A capital do país tinha 61% dos leitos dos hospitais e 65% dos 6.500 médicos. No resto das províncias existia um médico em cada 2.378 habitantes e em todas as zonas rurais da nação existia apenas um hospital.

Atualmente, o atendimento médico é gratuito e Cuba dispõe de mais de 70 mil médicos, havendo um médico em cada 194 habitantes e quase 30 mil deles prestam serviços em mais de 60 países. Foi criada uma rede nacional de mais de 700 hospitais e policlínicas.

Em face da massificação da vacinação (neste momento, são aplicadas 13 vacinas em cada criança), foram virtualmente eliminadas doenças como a poliomielite, a difteria, o sarampo, a coqueluche, o tétano, a rubéola, a parotidite e a hepatite B. A mortalidade infantil é de 5,3 em cada mil nascidos vivos e a esperança de vida é de mais de 77 anos.

Também se prestam gratuitamente serviços médicos de alta tecnologia, que no âmbito internacional não são usualmente considerados básicos, como é o atendimento nas salas de cuidados intensivos nos hospitais pediátricos e de adultos, serviços de cirurgia cardiovascular, serviços de transplante, cuidados especiais de perinatologia, tratamento da insuficiência renal crônica, serviços especiais para a reabilitação física e mental, e outros.

Não só as medidas econômicas e sociais foram a prioridade do Estado revolucionário, mas também os esforços encaminhados a estabelecer a base jurídica interna que possibilitaria o exercício do direito à livre determinação, mediante uma participação direta da população na discussão, análise e aprovação das principais leis do país, entre as quais, a Constituição de 1976, aprovada por 97% dos cubanos maiores de 16 anos, mediante referendo ou outras leis importantes, como o Código Penal, o Código Civil, o Código da Família, o Código da Infância e da Juventude, o Código do Trabalho e da Previdência Social, etc.

Da mesma maneira, a livre determinação do povo cubano também se expressa no direito de defender a nação face à agressão exterior.

Atualmente, mais de quatro milhões de cubanos — trabalhadores, camponeses e estudantes universitários — estão organizados nas milícias em suas áreas de residência ou em suas fábricas e zonas rurais.

Desde 1959, Cuba teve que enfrentar a hostilidade de dez administrações norte-americanas, que pretenderam limitar o direito de livre determinação, mediante agressões e a imposição unilateral de um criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro.

É um princípio universalmente aceito da lei internacional, a proibição da coerção de um Estado contra outro, com o propósito de lhe negar o exercício de seus direitos soberanos. No artigo 24 da Carta das Nações Unidas, assinala-se que as nações deveriam se abster em suas relações internacionais da ameaça ou do uso da força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado.

Durante os últimos 45 anos, os Estados Unidos proibiram o comércio com Cuba, inclusive, alimentos e medicamentos; cancelaram a cota cubana de exportação açucareira; seus cidadãos são proibidos, com fortes sanções, de viajarem à Ilha; proíbem a reexportação de produtos de origem estadunidense que tenham componentes ou tecnologia norte-americana de terceiros países a Cuba; proíbem os bancos em terceiros países de terem contas em dólares com Cuba ou de utilizarem essa divisa em suas transações com a nação cubana; intervêm sistematicamente para impedir ou obstaculizar o comércio e a outorga de financiamento ou ajuda a Cuba por governos, instituições e cidadãos de outros países e organismos internacionais.

Essas medidas obrigaram o nosso país, na década de 1960, a reorganizar suas relações econômicas de uma maneira estrutural, pois se viu obrigado a isso, diante das circunstâncias e por ter criado todos seus mercados fundamentais nos países da antiga Europa oriental, designadamente na ex-União Soviética, impelindo-o a uma reconversão quase total de toda a tecnologia industrial, meios de transporte e outros.

Depois que Cuba perdeu seus mercados naturais no Leste europeu, o governo norte-americano acirrou o bloqueio mediante a Lei Torricelli, em 1992, sob o pretexto da "democracia e dos direitos humanos" para proibir as subsidiárias estadunidenses, estabelecidas em terceiros países e sujeitas a leis dessas nações, de realizarem operações comerciais ou financeiras com Cuba (sobretudo em alimentos e medicamentos), punir com a proibição da entrada nos portos norte-americanos, por 180 dias, de todos os navios que transportem mercadorias para ou de Cuba, medidas que, por serem extraterritoriais, não só prejudicam Cuba, mas também a soberania de outras nações, bem como a liberdade internacional de transporte.

Em 12 de março de 1996, o governo dos Estados Unidos pôs em vigor a Lei Helms-Burton, que agravou as relações entre os dois países e pretendeu atribuir-se o direito de sancionar os cidadãos de terceiros países em cortes norte-americanas, ao passo que determinou sua expulsão ou a negação do visto de entrada nos Estados Unidos, com o objetivo de obstaculizar o esforço que realiza a nação cubana para recuperar sua economia e para conseguir uma maior inserção na economia internacional. O governo dos EUA pretendeu pressionar a população cubana para fazê-la abrir mão de seu empenho de conseguir a livre determinação.

Mais recentemente, os EUA adotaram o Plano Bush, que pretende tornar Cuba uma colônia, mediante um programa anexionista de intervenção, sob o pretexto de uma "transição", onde o Departamento de Estado responsabilizou um de seus dirigentes pela "direção" da nação, quando o Estado revolucionário desaparecer. Este Plano, pelo qual George W. Bush decidiu "precipitar o dia em que Cuba seja livre", acirra o bloqueio e a pressão sobre os cubanos, inclusive, reprime as relações familiares dos cubanos residentes nos Estados Unidos, entrega recursos milionários aos grupos terroristas de Miami, bem como a seus mercenários subordinados à Repartição dos Estados Unidos em Havana e promove fórmulas para desestabilizar o país e incrementar a pressão internacional sobre a Ilha.

Esta hostilidade norte-americana teve outras manifestações de agressão que inclui desde a agressão militar pela Baía dos Porcos, em 1961, a guerra suja dos bandos contra-revolucionários, apoiados e munidos militarmente pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, a guerra bacteriológica contra as plantações (cana-de-açúcar, fumo e cítricos), animais (febre suína) e pessoas (dengue hemorrágica), até os planos de sabotagem, bombardeios, mediante o uso de aviões espias e atentados contra os principais dirigentes da Revolução.

É bem conhecido o trabalho que as organizações terroristas realizam na execução de ações militares contra Cuba, a partir do território norte-americano, promovidas e financiadas pelos meios de comunicação em Miami, que recrutam constantemente aventureiros dispostos a virem a Cuba como espiões para perpetrarem ações de sabotagem, que declaram abertamente que não têm receio de serem processados nem condenados pelas autoridades estadunidenses.

Essa é a causa pela qual jovens patriotas colocam os interesses da nação sobre os pessoais, sacrificando, inclusive, seus parentes, e se infiltram nos grupelhos terroristas. Dessa maneira, conseguem saber de suas atividades, evitando o derramamento de sangue do povo cubano e norte-americano. Eles estão dispostos a pagarem o preço da irracionalidade política do governo dos Estados Unidos, como acontece hoje com os Cinco heróis presos injustamente nos cárceres norte-americanos por lutarem contra o terrorismo.

A isso soma-se o aparelho militar criado pelos Estados Unidos contra Cuba e as constantes atividades contra nosso país, bem como a ocupação ilegal da base naval de Guantánamo em território cubano (que hoje é uma prisão terrorífica), pedaço de território ocupado em Cuba pelos Estados Unidos no início do século passado e que o governo norte-americano se nega a devolver ao povo cubano.

No início de 1990, depois do colapso da União Soviética, isolada e vilipendiada pela reação internacional, Cuba suportou o golpe da perda de seus mercados e demonstrou que podia brilhar com luz própria, porque pôde suportar essa conjuntura pela extraordinária prova de resistência da maioria da população cubana.

A população cubana decidiu apoiar consciente e conseqüentemente a direção política do país, não só porque identifica o sistema com seu próprio interesse, mas também pela maneira responsável com que o Estado assume a crise, reorganizando as forças e projetando estratégias para buscar soluções, apesar do bloqueio norte-americano e dos condicionamentos de seus aliados europeus.

Os sacrifícios provocados por essa situação são duros, mas são suportados não só pelos avanços sociais conseguidos, mas também pela confiança nos dirigentes do país e pela apreciação das pessoas de que seu governo não é um governo decadente nem com crise em sua gestão ou carente de estratégias, mas sim um governo que demonstrou que, ainda nas mais difíceis circunstâncias, jamais deixou de atender a população.

Decorreram 50 anos e o processo libertador chegou até aqui na mesma direção daquela noite, quando Fidel, diante do povo que o aclamava, no quartel-general da tirania naquele momento, disse que talvez, a partir de agora, tudo fosse mais difícil, porque teríamos que lutar para fazer a Revolução.

Com certeza, é o desafio dessa luta a que está vigente nas atuais circunstâncias para eliminar os vícios e enaltecer as virtudes, com Fidel como soldado das idéias, como guia na luta pela liberdade e pela independência.

Os inimigos de Cuba apostam no contrário. Neste mundo, onde a política é uma charge, não podem entender que esta Revolução é um processo de continuidade no seu pensamento e na sua ação e que Fidel continuará sendo o líder da Revolução de hoje e de amanhã, que além de cargos e de títulos, continuará sendo o conselheiro de idéias, ao qual sempre deveremos acudir, porque Fidel conseguiu ultrapassar a vida política para se inserir como algo íntimo na vida familiar da imensa maioria dos cubanos.

Lázaro Barredo Medina
Fonte: http://rluizaraujo.blogspot.com/