quarta-feira, 31 de agosto de 2016

ESTAMOS DE LUTO, MAS VAMOS TRANSFORMAR O SENTIMENTO EM LUTA

Por Luiza Erundina
O povo brasileiro está de luto pelo atentado à democracia e inominável injustiça contra a primeira mulher presidenta da República, Dilma Rousseff, eleita democraticamente pelo povo brasileiro nas eleições presidenciais de 2014. A história registrará essa farsa como um golpe contra a soberania popular. A história é implacável ao julgar conspiradores, golpistas e traidores do povo.
Neste 31 de agosto de 2016, o Brasil está diante de um golpe de Estado. Neste dia, 61 senadores votaram pelo afastamento da presidenta Dilma Rousseff, escolhida por 54 milhões de brasileiros, consolidando um processo articulado há meses, com facetas parlamentar, jurídica, midiática.
O país assistiu a um julgamento cuja sentença estava dada antes do seu início. A sessão deixou ainda mais clara a fragilidade das acusações, com evocações a Deus e ao “conjunto da obra” do governo Dilma. A defesa apresentou e repetiu exaustivamente explicações. Por mais críticas que a gestão de Dilma Rousseff merecesse, não vimos comprovação de crime de responsabilidade que justificasse o afastamento.
Fruto de chantagem do deputado afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, (PMDB-RJ) e acordos com setores conservadores, políticos preocupados com os avanços das investigações de corrupção, o processo de impeachment revelou o que há de pior na política brasileira. Ausência de preocupação com a democracia, apropriação da coisa pública em prol de interesses privados e desrespeito pelas instituições são alguns dos exemplos.
Os resultados já são sentidos desde que Michel Temer assumiu interinamente a presidência da República, há 110 dias. Temer nomeou um ministério completamente masculino, branco, com várias denúncias de corrupção. O SUS não tem a defesa do ministro da Saúde, que é ligado aos planos de saúde. O ministro da Justiça disse que precisamos de menos pesquisas em segurança pública e de mais equipamentos bélicos. Houve intervenção na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), desmonte do Ministério da Cultura, corte de verbas das universidades federais, descontinuidade do programa de erradicação do analfabetismo.
É apenas o início de um ciclo que nos exige resistência, força, resiliência. Um pacote neoliberal em benefício da elite política e econômica do país será colocado em prática. Os direitos de trabalhadores já estão sob risco. Mulheres, LGBTs, negros, indígenas estão sob ataques e assistem a tentativas de impor retrocessos em poucas conquistas alcançadas. A democracia precisa ser defendida com mais e mais afinco. Os golpistas não merecem trégua. Que o nosso luto se transforme em luta!
E, Dilma, nós, mulheres, somos solidárias a você, renovando nosso compromisso de luta pelos nossos direitos e pelo pleno exercício da cidadania política e pela democracia no Brasil.

Luiza Erundina
Deputada federal (PSOL-SP) e candidata à prefeitura de são Paulo
fonte: https://www.facebook.com/luizaerundina/

Declaração de Luciana Genro sobre o impeachment

Por Luciana Genro
Temer assumiu a presidência para aumentar o ajuste econômico contra o povo, a começar pelo aumento da idade para aposentadoria e a mudança na CLT para cortar direitos trabalhistas. Este é o objetivo das grandes corporações e dos banqueiros ao defender a posse de Temer. Sua posse é ilegítima porque sabemos que o povo não o elegeria. Se tivéssemos eleições gerais jamais este resultado existiria. Eu, que não votei em Temer nem para vice-presidente, é claro que não o aceito como presidente. Ainda mais quando sua presidência definitiva é produto de um golpe palaciano desferido no seu antigo aliado, o PT, que com ele compartilhou o poder por anos. Nossa luta em defesa dos direitos dos trabalhadores continua e faremos unidade de ação com todos que não aceitam o projeto ilegitimo do governo do PMDB.
fonte: https://lucianagenro.com.br/