Um século depois da Revolta da Chibata - que em 1910 aposentou os castigos físicos então impostos aos militares navais por força de um motim liderado pelo marinheiro João Cândido - eis que o instrumento de violência física volta à cena, no Rio de Janeiro. Imagens incontestáveis, divulgadas por toda a mídia nesta quarta-feira (16/4), comprovaram que passageiros da Supervia foram tratados a chicotadas. A violência ocorreu em meio a uma greve dos ferroviários.
Em ofício enviado ontem à Supervia, o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, Marcelo Freixo, solicitou a entrega de cópia de imagens gravadas pelo sistema de monitoramento interno da concessionária, referentes aos últimos dois meses. Ele pretende verificar se a violência contra passageiros representa prática corriqueira na ferrovia.
A câmera flagrou o momento em que quatro guardas - dispostos ao longo da plataforma de embarque da estação de Madureira, na Zona Norte - usavam como chibatas as cordas de seus apitos. Freixo também perguntou no ofício se era conhecida da concessionária dos serviços ferroviários a prática do emprego de chicotadas no controle dos passageiros. Além disso, o deputado indagou sobre a forma de contratação de seus seguranças e sobre o tipo de treinamento que recebem.
Em função da greve - que envolveu a demissão de maquinistas - o sistema tem funcionado de forma precária, com os trens superlotados. Além de chibatadas, os passageiros sofreram, como provam as imagens, com chutes e socos desferidos pelos seguranças da Supervia. "Trata-se de clara violação dos Direitos Humanos, uma das tantas formas de criminalização da pobreza em nossa sociedade", disse Freixo, que pediu agilidade à Supervia no fornecimento das imagens e informações.
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