sábado, 29 de setembro de 2007

Avaliação do plebiscito da Vale em São Paulo


Hoje aconteceu a reunião de avaliação do plebiscito da Vale no estado de São Paulo.Cerca de vinte representantes que atuaram nas principais cidades e regiões do estado estiveram presentes.

Grande São Paulo:
A zona leste de São Paulo coletou o maior número de votos e, assim, encabeçou boa parte das expectativas esperadas para a cidade. As outras zonas, porém, tiveram grandes dificuldades e resistência para atuar em prol da anulação do leilão da Vale. No centro, a falta de esquema de som, de número de militantes e interpretação das perguntas foram os pontos de dificuldades levantados. Na região da Lapa, a maioria das igrejas não apoiou e uma militante teve que trabalhar sozinha na coleta.

Região de Campinas:
Vinhedo aumentou significativamente o número de votos em relação ao plebiscito da ALCA, neste sentido, a atuação foi importante. Em Campinas, o espaço de debate foi amplo: houve atuação nas ruas, nas igrejas, nas escolas e faculdades. Os resultados da urna da Unicamp foram decepcionantes. Por outro lado, a Unip e a Pucc tiveram participação expressiva nos resultados. Sindicatos importantes como dos Químicos e Metalúrgicos apoiaram bastante a realização do plebiscito na cidade.


Igrejas:

O maior número de votos saiu das igrejas, isto permitiu um pauta dedicada somente à atuação paroquial. Na região de Belém, São Paulo, a carta do Bispo apoiando o plebiscito abriu a possibilidade de colocação de urnas e, por consequência, a difusão do plebiscito no local.
Em outras regiões, onde o padre e/ou o pastor apoiaram a causa, a votação foi expressiva. No entanto, houve resistência de muitos líderes religiosos em aceitar o debate ou, até mesmo, permitir a abertura de urnas nas igrejas.

Dificuldades:
Além da resistência de muitas igrejas, o (não) posicionamento de movimentos sindicais, a formulação das perguntas -- que não permitia a rápida assimilação dos temas -- e a falta de militantes foram os principais pontos discutidos. "Sobraram intelectuais para discutir o tema, e faltaram militantes". "Faltou perna e atuação política: onde teve militante a coisa aconteceu".
Outro ponto levantado foi em relação ao número de perguntas, ou seja, temas que o plebiscito abordou. Alguns movimentos como a CUT, por exemplo, optaram por trabalhar apenas com a anulação do leilão. Estas divergências terão reflexos na divulgação oficial dos resultados do plebiscito, no qual ainda não foi definida a pauta de apresentação.

Resultados:
De forma geral, as macrorregiões como Campinas, Baixada Santista e outras avançaram no sentido de organização e atuação política; a capital retrocedeu drasticamente e houve muita desarticulação.
Do ponto de vista numérico, o plebiscito ficou aquém das expectativas. Regiões de grande porte obtiveram queda significativa em relação ao plebiscito da ALCA.
A reunião para definir o formato da entrega dos resultados será realizada dia 03 de outubro, quarta-feira, na Coordenação Nacional, Rua da Abolição, 227, São Paulo - SP.

No entanto, a vitória política de todo estado paulista foi maior. "Quem saiu para a rua [coletar voto] e teve contato com a população, conseguiu bons resultados". As dificuldades ficaram por conta de quem NÃO se envolveu com a causa. Nos lugares onde os militantes dos partidos, movimentos e sindicatos atuaram, os resultados podem ser vistos.

Primeiras conclusões:
Este plebiscito foi importante para "limpar o terreno" e ajudar na reconstrução da esquerda organizada. Movimentos, partidos, sindicatos tiveram que optar por posicionamentos que, antes, não estavam muito claros.
Apesar da crise e das discussões, em todos os níveis, o evento contribuiu, e muito, para a construção do quadro de forças atuantes e descobrir quem somos, onde e com quem estamos. Os estudantes e boa parte do movimento sindical não aderiram ao plebiscito, por exemplo.

Avanços fundamentais:
1) Trabalhar os quatros temas suscitou o debate em todo o país em relação aos temas que não estão necessariamente vinculados à Vale. Esta repercussão positiva do povo abriu espaço para organizar mais atos, manifestações e políticas de atuação de várias ordens na luta contra as Reformas e as privatizações. Mais pessoas passaram a procurar os movimentos/sindicatos/partidos, demonstraram interesse e têm desejo de atuar contra os temas suscitados.

2) Na esteira da mobilização pelo plebiscito, os núcleos de juventude da esquerda fortaleceram-se expressivamente. A atuação dos jovens no estado surpreendeu os participantes da reunião. A partir deste dado, a idéia é suprir a falta de "pernas" da militância, incentivando cada vez mais os jovens a ir para as ruas e ajudar na construção de uma nova consciência política.

Vamos militar! Este é o caminho.

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