domingo, 9 de dezembro de 2007

Caminhada em memória ao Elesbão marca as ruas do Centro



“Era um sonho dantesco... o tombadilho que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite”, trecho do poema ‘O Navio Negreiro’, Castro Alves

Na manhã deste sábado, dia 8, foi realizada a 2ª Caminhada da Dignidade “Elesbão Vive”. Marcada para começar na Praça Bento Quirino, a atividade contou com a apresentação da Bateria Pública da Unicamp e representantes de outros movimentos, como o Jongo do Dito Ribeiro, o grupo Identidade, o Instituto Cultural Elesbão, entre outros. Cerca de cem pessoas caminharam pelas ruas Sacramento, Marechal Deodoro, Major Sólon, Doutor Quirino até o Largo Santa Cruz (Praça XV de Novembro), local onde Elesbão foi enforcado e esquartejado.

O ato foi idealizado pelo pesquisador do Movimento Negro, Valdir Oliveira e apoiado pela vereadora Marcela Moreira (PSOL). De acordo com Valdir, Campinas não obedecia às Leis Imperiais e aplicava sentenças que, até então, eram proibidas, como o esquartejamento. Oficialmente, Campinas foi a última cidade a abolir a escravidão e o município mais violento. Tanto que, como castigo, os senhores enviavam seus escravos para cá. “Precisamos incentivar atos em memória a esse homem que foi julgado injustamente e de maneira cruel que, hoje, é um símbolo de resistência negra", afirmou a vereadora Marcela destacando a necessidade de políticas públicas que reconheçam o negro.

O caso

Elesbão foi acusado, sem provas oficiais, de assassinar um capitão do mato que, supostamente, teria abusado de sua companheira. Foragido por quase três anos, Elesbão foi capturado e sentenciado à forca. “Havia três advogados no caso e nenhum deles apresentou atenuantes para o processo”, afirmou o pesquisador. Depois de enforcado, Elesbão ainda teve sua cabeça e suas mãos cortadas. A execução aconteceu no Largo Santa Cruz, localizado no Cambuí.


Camila Marins

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