Trabalhadores, sindicatos e movimentos sociais foram às ruas
da capital paulista neste 30 de março protestar contra a crise.
O ato concretizou a unidade das centrais na defesa do emprego,
da ampliação de direitos e pela redução dos juros.
Milhares de trabalhadores, sindicalistas e membros de movimentos sociais e populares foram às ruas da capital paulista nesta segunda-feira, 30 de março, protestar contra a crise e as demissões em massa que vêm acontecendo. A manifestação teve início em frente à sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na Avenida Paulista, e terminou na Praça Ramos, no centro da cidade. O ato concretizou a unidade das centrais sindicais na defesa do emprego, pela manutenção e ampliação de direitos, pela redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, e pela Reforma Agrária.
Juntos, os movimentos criticaram a ação nefasta e oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale, CSN e Embraer, que levaram à demissão de mais de 800 mil trabalhadores nos últimos cinco meses, e deram um recado claro ao empresariado: se as demissões continuarem, o Brasil vai parar.
“Os trabalhadores não podem pagar por esta crise. No Brasil, os empresários lucram quando não há crise e lucram mais ainda quando há, porque conta com o socorro do governo”, disse o deputado federal Ivan Valente. “Agora, o mesmo governo que edita medidas provisórias para perdoar o calote dos empresários pode editar uma MP para congelar o desemprego, para garantir que as famílias brasileiras não percam seu direito à saúde, à educação e à alimentação”, afirmou.
O deputado do PSOL defendeu a aplicação imediata da resolução 158 da OIT e criticou jornadas de trabalho como a da Embraer, que totaliza 43 horas semanais. Desde o início do ano, 4.270 funcionários da Embraer foram demitidos e seguem lutando pela sua readmissão.
Para os organizadores da marcha, o povo brasileiro não é culpado pela crise. Ela é resultante do sistema capitalista, que entra em crise periodicamente e que transformou o planeta em um imenso cassino financeiro, com regras ditadas pelo "deus mercado". Diante do fracasso desta lógica excludente, banqueiros e multinacionais, que sempre lucraram com a exploração do trabalho, querem que as classes mais pobres paguem a fatura em forma de demissões, redução de salários e de direitos, além da injeção de recursos do BNDES nas empresas que estão demitindo.
”O capital sempre se beneficiou do sangue dos trabalhadores. Neste momento, temos que chamar a atenção de todos para que este país um dia seja do povo que constrói a riqueza do Brasil”, apontou Miguel Carvalho, presidente estadual do PSOL. “Estamos vendo os trabalhadores sendo demitidos. Então é hora de construirmos um grande movimento. Hoje é apenas o início desta mobilização”, explicou Carvalho. Laura Cymbalista, da Secretaria de Mulheres do partido, lembrou que a precarização promovida pela crise recai sobretudo sobre as mulheres. Desde o dia 8 de março que elas estão mobilizadas para denunciar a crise econômica.
Afinal, é nesses momentos em que o capital busca se adaptar à custa dos trabalhadores. As empresas aproveitam para demitir, renegociar contratos e retirar direitos. Daí a importância da defesa do papel do Estado na regulação do mercado, incluindo a nacionalização dos bancos e a auditoria da dívida pública. No final do ano passado, a presidência da Câmara dos Deputados aprovou a instalação da CPI da dívida pública, de iniciativa de Ivan Valente. Agora, o trabalho é pela indicação dos partidos para comissão, para que ela seja de fato instaurada.
O que ficou comprovado para todos e todas que participaram do ato foi a urgente e mais do que necessária mudança no modelo de desenvolvimento, em vigor no Brasil e no mundo. “Temos que lutar contra a crise econômica, nos precaver de seus efeitos, mas também defender um outro modelo de desenvolvimento. O modelo capitalista está provocando o aquecimento global e a destruição do planeta. Temos que lutar por outro modelo, em que os recursos naturais sejam compreendidos como bens públicos, onde todos tenham direitos básicos garantidos, onde possamos exigir políticas públicas e construir um novo Brasil, para os trabalhadores e para a juventude”, concluiu Ìndio, da Intersindical.
Além de São Paulo, manifestações contra a crise aconteceram em diversas capitais do país e também no interior dos estados. Diversas rodovias foram fechadas contra o processo de demissão dos trabalhadores. Pelo mundo, o dia 30 de março também foi marcado pela defesa da terra Palestina, pela solidariedade contra a política terrorista do Estado de Israel, pela soberania e auto-determinação dos povos.
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