Os empresários que disputariam a privatização devem iniciar agora um movimento de pressão junto ao governo de São Paulo, para que o lance mínimo de R$ 6,6 bilhões para a venda seja baixado. A CESP, no entanto, é avaliada hoje em R$ 20 bilhões e lucra por ano 2 bilhões. Considerando apenas sua capacidade instalada de geração, as ações controladas pelo governo paulista valeriam cerca de R$ 11,6 bilhões. A Companhia é a terceira maior geradora de energia elétrica do país e a maior de São Paulo. Possui seis usinas, um importante quadro técnico e tecnologia de ponta para a geração de energia.
Na avaliação do deputado federal Ivan Valente, a privatização da CESP é um crime contra o patrimônio público paulista. O PSOL entrou com uma ADIN junto ao Supremo pedindo a suspensão do leilão. Nesta terça, militantes do partido foram às ruas do centro de São Paulo informar a população sobre os riscos da privatização da Companhia.
“O mercado fará toda a pressão possível para baixar o preço de venda da CESP. Mas, independente do valor, a companhia deve permanecer sob controle público. Sabemos o quanto a produção de energia é estratégica e o que aconteceu em outros processos de privatização. Quando a Telesp foi vendida para a Telefônica, subiram os preços e caiu a qualidade do serviço. Ou seja, quem pagou a conta foi a população. Com a CESP não será diferente”, afirmou o deputado Ivan Valente.
VITÓRIA DO MOVIMENTO
Desde a manhã desta segunda-feira (24), uma série de manifestações aconteceu em São Paulo contra o processo de privatização. Trabalhadores e trabalhadoras, militantes de movimentos sociais e cidadãos foram às ruas protestar contra a entrega do patrimônio público. Cerca de 500 trabalhadores ligados ao MST e ao MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) bloquearam a rodovia que dá acesso à Usina Hidrelétrica Sérgio Mota, em Porto Primavera, na região do Pontal do Paranapanema. O mesmo aconteceu com a ponte sobre a usina hidrelétrica de Jupiá, no município de Três Lagoas. Lá, a manifestação foi liderada pelos oleiros de Brasilândia (MS) que têm suas atividades ameaçadas pelo reservatório da usina da CESP. Os trabalhadores em olarias tinham um acordo com a CESP pelo qual a empresa se comprometia a fazer obras para compensar o setor pela inundação de amplas áreas que lhe forneciam matéria prima. Até agora as obras compensatórias não foram executadas, e esses passivos não constavam do edital de convocação do leilão da Companhia.
Segundo o pacote de privatizações anunciado pelo governo Serra, 18 estatais estaduais devem ser vendidas ao capital privado, entre elas SABESP, Metrô, CDHU, Nossa Caixa, CPTM. A CESP era a primeira da fila.
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