Hamilton Octávio de Souza
A grande imprensa ocidental distorce, mas não consegue esconder a indignação geral dos povos do mundo em relação ao ataque das forças armadas do Estado de Israel contra os moradores – mais de 1,5 milhões de habitantes – da faixa de Gaza. Trata-se, antes de tudo, de uma ação bárbara, na medida em que tropas militares profissionais, fortemente equipadas, dotadas de alta tecnologia, bombardeiam populações civis que resistem à pobreza e às piores condições de vida.
O que o Estado de Israel está fazendo é crime contra a humanidade, é genocídio puro, é atrocidade semelhante ao que o povo judeu sofreu na Europa dominada pelo nazismo, nos anos de 1940-1945, quando estava confinado em guetos e em campos de concentração e era assassinado nas câmaras de extermínio. Agora a população palestina de Gaza está sendo exterminada pelas bombas dos aviões, helicopteros e tanques de guerra do Estado criado pela ONU para os judeus.
Dizer que se trata de uma guerra é falso, já que não existem exércitos em confronto. A maioria da população de Gaza não ameaça e não ataca Israel, não tem tropas, nem bombas, nem canhões, nem aviões. Quem ataca Israel é a organização denominada Hamas, que é um grupo político que pratica a luta de guerrilha, a resistência contra a ocupação de territórios por Isarel. Atacar toda a população da faixa de Gaza para acertar os guerrilheiros do Hamas é sinônimo de barbárie.
A violência contra Gaza afronta toda a humanidade, generaliza a insegurança e a impotência dos povos diante do uso da força no lugar do diálogo e da negociação diplomática e política. É a substituição da ONU pela vontade egoísta e individual de um Estado; é a substituição da razão e do bom senso pela sandice e a bestialidade; é a substituição dos esforços para a preservação da vida pela adoração da máquina da morte. O ataque à Gaza atinge todos os seres humanos do mundo.
O que mais impressiona nos fatos dos últimos 20 dias é que nenhum governo e nenhuma nação tentaram impedir com veemência a voracidade destrutiva do Estado de Isarel, nem mesmo os Estados Unidos – a maior potência econômica e militar da face da Terra. Ao contrário, vários governos de países ricos demonstraram uma enorme tolerância e até conivência com as atrocidades praticadas pelos exércitos de Israel, que são abastecidos em armamentos pelo império americano.
A hipocrisia dos governos esconde a desumanização da política internacional, que é cheia de ritos e cerimônias, salamaleques de todos os tipos e gostos, mas que aceita o sacrifício de mil vidas como se o quadro estatístico não demandasse a menor urgência. Famílias inteiras foram dizimadas, escolas e abrigos infantis foram covardemente atacados, muitos jornalistas são censurados e impedidos de contar e mostrar para o mundo a realidade mais dura e cruel do genocídio.
O governo brasileiro divulgou nota formal de repúdio aos atos praticados pelo Estado de Israel, mas não deu um basta ao governo israelense. Nem a ONU nem as principais potências foram duras com os crimes de Israel. Ninguém ameaçou cortar relações com Israel e nem praticar boicote econômico e de transportes. O Brasil não escancarou para o mundo uma posição firme, seguida de ações concretas para impedir os massacres dos árabes e palestinos nos guetos de Gaza. Os interesses econômicos do mundo falam mais alto do que o compromisso humanitário.
Os assassinatos em massa comandados pelo governo de Isarel sempre revertem na insegurança crescente do próprio Estado judeu, onde o povo acaba pagando pela insensatez das lideranças. A indignação dos povos do mundo é necessária, pois é a única forma que temos de nos humanizar – e de dizer a plenos pulmões que não compactuamos – nem hoje e nem nunca - com o massacre de Gaza. Pela criação do Estado Palestino, independente e soberano. Pela paz!
Hamilton Octavio de Souza
jornalista e professor universitário.
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