sexta-feira, 30 de maio de 2008

Limeira discute Reforma Agrária

Marcela Moreira
“Não podemos nos entregar, porque o direito está conosco”, declarou Plínio de Arruda Sampaio, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), em um debate realizado nesta quinta-feira, dia 29, em Limeira. Também estiveram presentes na mesa de discussão Ariovaldo Umbelino de Oliveira, do Departamento de Geografia da USP (Universidade de SãoPaulo); Gilmar Mauro, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o bispo Dom Vilson Dias. Cerca de 200 pessoas participaram do debate realizado na paróquia Nossa Senhora Aparecida.

Plínio falou a entrega do governo brasileiro ao agronegócio. “A nova modalidade da agricultura é o etanol e o governo brasileiro se entregou a essa falácia”, ele afirmou. Em concordância, o professor Ariovaldo reforçou que a terra precisa cumprir sua função social. “E a função da terra é a produção de alimentos. O Brasil não tem soberania alimentar e a reforma agrária tem o objetivo de repor a falta de alimentos”, afirmou. Os debatedores alertaram sobre a alarmante monocultura de cana-de-açúcar. “O Estado de São Paulo está se tornando um imenso canavial e a reforma agrária é a solução. Nós não vamos sobreviver somente com a produção de produtos da indústria”, alertou Ariovaldo.

“Se o Brasil não fizer reforma agrária, não vai se desenvolver e não vai garantir a democracia e os direitos dos cidadãos. Não estamos tirando a propriedade de ninguém, estamos ocupando terras sem dono para sobreviver!”, explicou Plínio de Arruda. Gilmar Mauro do MST ressaltou a importância de uma produção agroecológica. “A terra não pode ser tratada como mercadoria e nas comunas da terra precisamos incentivar uma produção sem agrotóxicos”, declarou lembrando que é necessário quebrar a lógica capitalista pelo lucro e lutar pela radical transformação da sociedade. “É importante a luta pela terra e o mundo quer algo novo e precisamos lutar pela construção de uma nova sociedade”, ratificou o Bispo Dom Vilson.

O professor Ariovaldo levantou outra polêmica durante o debate: a questão das terras devolutas. “Grande parte das terras brasileiras estão cercadas e a maioria daqueles que se dizem donos não têm documentos para provar propriedade”, declarou. Ariovaldo ainda revelou que os dados de cadastro do Incra (Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária) são mentirosos. “O que nós vemos são terras devolutas e ninguém consegue provar que é dono de uma terra”, afirmou.

Também estiveram presentes no evento o padre Reinaldo, militantes do PSOL e a vereadora Marcela Moreira (PSOL). “Pensar no País, hoje, significa pensar na necessidade da reforma agrária”,enfatizou a vereadora. Para finalizar, Plínio incentivou: “Se o povo precisa tem que ocupar”.

Mais informações:
Camila Marins - assessoria de imprensa
(19) 3736-1690 ou 9656-7287
www.marcelamoreirapsol.com.br

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