O ano de 2008 foi um marco para importantes datas históricas, tais como: 60 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos, 20 anos da Constituição e 120 anos da Abolição da Escravatura. E, agora, em novembro, lembramos o Mês da Consciência Negra, lei municipal de minha autoria que também prevê a realização de atividades que resgatem a trajetória da luta de Zumbi e do movimento negro atual, e promovam a análise da situação do negro e dos afrodescendentes na sociedade brasileira de hoje.
Infelizmente, muitos não têm acesso à história. O 20 de novembro é dedicado à memória de Zumbi dos Palmares, líder do quilombo que resistiu até o fim à opressão portuguesa. Depois de muita luta e resistência, o governador de Pernambuco ordenou a morte de Zumbi, que foi cruelmente assassinado.
Campinas também carrega muitas marcas e é considerada uma das cidades mais violentas com a população negra na época da escravidão: a chamada Bastilha Negra. O primeiro escravo enforcado e esquartejado na cidade foi Elesbão, acusado, sem provas oficiais, de assassinar um capitão do mato que, supostamente, teria abusado de sua esposa. Depois de enforcado, Elesbão ainda teve sua cabeça e suas mãos cortadas. A execução aconteceu no Largo Santa Cruz, localizado no Cambuí.
Além da violência do município, Campinas foi a última cidade do Brasil a abolir a escravidão.
A escravidão acabou, mas a opressão continua. De acordo com um relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) no ano passado, os trabalhadores afrodescendentes recebem salários 33% menores em relação aos brancos. Ainda segundo a OIT, entre as mulheres negras que são trabalhadoras domésticas, 75,6% não têm carteira assinada. No caso dos homens, 61,9% dos negros e 54,9% dos brancos trabalham na informalidade.
O Mês da Consciência Negra é um momento importante de resgate da identidade racial, auto-estima e cidadania do povo negro, além de toda a reflexão sobre a trajetória e resistência dos negros no Brasil.
Garantir cidadania também significa o conhecimento de suas origens e, por isso, formação é fundamental. As manifestações populares acontecem justamente desta maneira: a partir de suas raízes culturais e históricas.
Além disso, é necessário repensarmos as políticas aplicadas em nosso País. Somos ensinados a valorizar os personagens de cor branca, como se nosso País houvesse sido construído somente por imperadores, militares e bandeirantes. É preciso lembrar daqueles que tiveram papel fundamental de combate à opressão e reconhecer Zumbi como um símbolo de resistência e luta. E este reconhecimento é um grande passo para a valorização de nossa história. E, mesmo diante de tantas contradições, de uma sociedade que ainda apresenta práticas racistas e discriminatórias, devemos nos somar nesta luta para pressionar o poder público a instituir políticas que atendam de fato igualdade social.
Marcela Moreira é vereadora pelo PSOL
marcelapsol@gmail.com
UMA OUTRA HISTÓRIA A SER CONTADA | No mundo inteiro a juventude tem saído as ruas para demonstrar a sua indignação contra as injustiças do capitalismo e lutar por direitos sociais roubados ou nunca atendidos pela elite mundial! No Brasil muitos jovens também se organizam para lutar por uma outra sociedade! Nesta mesma marcha segue junto a juventude do PSOL! Somos socialistas e libertários, que lutamos por um amanhã sem desigualdades, opressões, exploração, lucro e juros, sem patrões!
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Mês da Consciência Negra
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