segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um ano depois da prisão de uma menina com 20 adultos no Pará, pouca coisa mudou, diz José Nery

Agência Senado

O senador José Nery (PSOL-PA) lembrou em Plenário, nesta quarta-feira (19), dois episódios recentes que marcaram o Pará, e lamentou que as autoridades do estado só se mobilizem "nos dias seguintes ao acontecimento de alguma tragédia, de algum episódio que leve à comoção da opinião pública".

De acordo com o senador, pouca coisa mudou em Abaetetuba um ano depois que o Brasil tomou conhecimento de que uma adolescente havia passado um mês presa com 20 adultos em uma cela naquela cidade paraense.

- Depois de um ano, pouca coisa mudou na vida das crianças e dos adolescentes do nosso estado, inclusive da cidade de Abaetetuba. Não deixar que as autoridades esqueçam o que aconteceu é muito importante. Continuar pressionando por mudanças profundas no tratamento dado a crianças e adolescentes é uma exigência - afirmou.

Na capital, Belém, o senador relatou que o Ministério Público vem tentando fazer com que a Prefeitura retire centenas de crianças que perambulam pelas ruas da cidade. Ele disse que uma parte dessas crianças voltou a trabalhar no aterro sanitário da cidade porque um projeto premiado, o Sementes do Amanhã, foi fechado.

- Passado o impacto midiático, as coisas voltam ao normal, ou melhor, as crianças e os adolescentes voltam ao abandono e à situação de risco social - enfatizou.

O senador disse que apresentou emenda junto à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) para que os recursos destinados à erradicação do trabalho infantil sejam aumentados. Ele acrescentou que também apresentou proposta para que se invista mais na capacitação dos conselheiros tutelares.

Irmã Dorothy

José Nery ainda alertou pelo que classificou de manobra utilizada pelo acusado do assassinato da irmã Dorothy, em Anapu (PA), o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como "Taradão". Segundo o senador, Regivaldo disse que não tinha interesse nas terras ocupadas pelo movimento liderado pela religiosa, pois havia vendido a propriedade para outro acusado, Vitalmino Bastos de Moura, conhecido como "Bida".

Com isso, assinalou o senador, Regivaldo conseguiu ser retirado da acusação de ser o mandante do crime e responde ao processo em liberdade. José Nery revelou que nesta semana veio a público o teor de uma ata da reunião realizada no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na cidade de Altamira, onde Regivaldo reivindica a propriedade da terra em questão, pois queria voltar a criar gado na área.

- O teor da ata mostra que este senhor mentiu em juízo, mentiu para escapar da prisão e que, sendo o proprietário, tinha todo o interesse em afastar do caminho a persistente e valente missionária - afirmou.

Nenhum comentário: