Em São Paulo
A Via Campesina iniciou nesta terça-feira (10) uma jornada de lutas contra a atuação das grandes empresas agrícolas no Brasil e os danos ambientais e sociais causados por projetos de infra-estrutura ligados à produção industrial. Ativistas realizaram ocupações esta manhã no Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraíba, São Paulo, Ceará e Bahia. Em Minas Gerais, uma ferrovia da Vale foi bloqueada.
Participantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Assembléia Popular também aderiram aos protestos.
Em Sobradinho (BA), 500 pessoas invadiram barragem de usina
Na Bahia, 500 integrantes de movimentos sociais invadiram a barragem da usina de Sobradinho por volta das 5h30 e ocuparam a área de controle Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), segundo informação de "A Tarde".
Os ativistas acusam os grandes projetos de irrigação na região, como a transposição do rio São Francisco, de beneficiar apenas aos grandes produtores.
A versão online do jornal "A Tarde" informou que a movimentação no local era acompanhada a distância por cinco policiais militares, e 72 veículos do atalhão de Infantaria de Petrolina (PE) estariam a caminho.
Em São Paulo, cerca de 600 ativistas ocuparam prédio da Votorantim no centro da capital. Eles se opunham à construção da barragem de Tijuco Alto no rio Ribeira de Iguape, localizado ao sul do Estado, alegando que os estudos de impacto ambiental apresentados pela companhia foram reprovados pelo Ibama.
A barragem no Ribeira do Iguape deverá represar água para uma hidrelétrica particular, cuja energia gerada irá alimentar unidade de produção da Companhia Brasileira de Alumínio - empresa do grupo Votorantim - na região.
Segundo nota do MST, a Polícia Militar reprimiu a manifestação com bombas de gás de pimenta e tiros. À Folha Online, no entanto, a PM negou o uso da força na retirada dos manifestantes do local.
Já no Ceará, cerca de mil trabalhadores rurais da ocuparam o Porto do Pecém, situado em São Gonçalo do Amarante (região metropolitana). Foram fechadas as áreas de carga e descarga do terminal em protesto contra o projeto de instalação de cinco termoelétricas, uma refinaria e uma siderúrgica no complexo, que vão causar danos ambientais e sociais.
Agronegócio
Nos Estados de Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraíba, a jornada se concentrou em ações de protesto contra o agronegócio e o latifúndio.
Uma manifestação no Rio Grande do Sul foi marcada por confronto com a Brigada Militar, informou o "Zero Hora". Mais de 800 ativistas ligados à Via Campesina ocuparam o pátio da transnacional de alimentos Bunge, em Passo Fundo, e foram reprimidos com balas de borracha.
Segundo o jornal gaúcho, um caminhão que levava alimentos ao grupo foi barrado pelo pelotão de choque da Brigada causando confusão que resultou em pelo menos sete manifestantes atingidos pelas balas. Oito ônibus nos quais os ativistas haviam chegado ao local foram apreendidos, e os motoristas foram encaminhados para a delegacia.
A Bunge anunciou que irá suspender a produção na unidade de Passo Fundo até que os protestos se encerrem.
No município de Aratiba, também no Rio Grande do Sul, cerca de 300 pessoas bloquearam estrada de acesso à casa de força Usina Hidrelétrica Itá, informou o "Zero Hora".
Em Pernambuco, trabalhadores rurais invadiram a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar (EECAC), no município de Carpina. O local é um centro de pesquisas agrícolas mantido pelo Sindaçúcar (Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Segundo reportagem do "JC Online", foram destruídos 30 mil exemplares de cana-de-açúcar geneticamente manipulados, o sistema de irrigação do centro e diversos experimentos agrícolas que faziam parte de pesquisas de pós-doutorado.
Na Paraíba, mais de 200 trabalhadores rurais da Via Campesina ocuparam o latifúndio Nossa Senhora de Lourdes, localizado a 5 km da cidade de Mari, que possui 1.100 hectares com a monocultura da cana.
Problemas urbanos
Em Belo Horizonte (MG), 500 pessoas bloquearam uma linha férrea da Vale no bairro de São Geraldo, na zona leste da capital mineira. Segundo informação de "O Tempo", a ferrovia atravessa outros quatro bairros vizinhos. De acordo com a Via Campesina, os moradores do local pedem a transposição da linha há 25 anos.
Os manifestantes reclamam de problemas causados pela linha férrea. Eles dizem que o trem atrapalha as aulas de escola municipal próxima, abala as estruturas das casas, bloqueia a passagem de veículos no local por até duas horas e que, desde 2007, quatro pessoas já morreram dentro de ambulâncias que esperavam para cruzar os trilhos.
A "Gazeta Online", do Espírito Santo, informa que um trem de passageiros da Vale foi parado na Estrada de Ferro Vitória-Minas por conta do protesto.
Os trilhos ficaram bloqueados das 7h às 12h.
Com informações da Agência JB e da Agência Estado.
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