No meu ponto de vista, o medo se apresenta em vários estágios, ou seja, com menos ou mais intensidade. Um exemplo disso seria colocar uma pessoa sem conhecimento nenhum de auto-defesa numa floresta, sem armas e com vários animais ferozes a sua volta. Certamente o medo que essa pessoa sentiria teria uma intensidade muito grande. Por outro lado, se esta pessoa fosse um caçador de animais, mesmo sem armamento, seu medo seria menor. E se este caçador estivesse com uma arma seu medo diminuiria ainda mais, e assim por diante.
Trazendo esta reflexão para o campo do trabalho, encontramos o ser humano que deixou de ver o trabalho como forma de sustentação coletiva da sociedade e descobriu que era possível a exploração do homem pelo próprio homem, favorecendo sempre um dos lados. Tal descobrimento se apresentou, no meu ponto de vista, com o início do capitalismo.
A exploração do ser humano só é possível onde haja, de alguma forma, a introdução do sentimento de medo, seja ele real ou abstrato. O real é mais fácil de compreender, pois usando o exemplo citado anteriormente, basta se colocar um animal feroz como vigilante de um trabalhador e esse fará o trabalho exigido simplesmente por medo de ser atacado pela fera. Já o abstrato é um pouco mais complexo, pois terá que se fazer primeiro com que o trabalhador acredite que exista tal animal feroz. Em seguida, seria preciso acreditar que o tal animal, mesmo que imaginário, iria atacá-lo caso tal trabalho imposto não fosse feito.
O sistema capitalista, por ter como necessidade de sustentação uma estrutura hierárquica, precisa fazer com que os altos escalões sejam temidos pelos trabalhadores. De uma forma ideológica, e usando toda força do sistema vigente, o trabalhador acaba sendo enredado pelo medo e tal pratica é tão cruel que muitos trabalhadores, mesmo longe de seu local de trabalho, acabam se mantendo passivo a alguém que ocupe algum cargo superior ao seu.
O principal medo do trabalhador imposto pelo sistema capitalista é o desemprego. Tal medo não se dá simplesmente pelo fato de se perder o posto de trabalho mas sim pela incerteza de não se saber onde será conseguido dinheiro necessário para o sustento de suas necessidades cotidianas, com a venda de sua força de trabalho. No meu ponto de vista esta é a principal forma de sustentação de exploração da força de trabalho pelo sistema capitalista. Isso se dá através da implantação de alta tecnologia em seus processos, trocando homem por máquinas, aumento de horas extraordinárias e implantando a polivalência no cotidiano dos trabalhadores dentro das fábricas.
Mantendo-se um grande número de trabalhadores a espera de um posto de trabalho, os empresários podem aplicar suas mais absurdas formas de exploração, tanto para oferecer menores salários para contratação da força de trabalho, como para assediar moralmente, através do medo, os trabalhadores já contratados. Os trabalhadores tornam-se, portanto, reféns do sistema capitalista.
Nós, trabalhadores, como forma de nos contrapor à essa situação, devemos sempre levantar nossas bandeiras e reivindicar o fim da exploração de nossa força de trabalho, seja através da diminuição da jornada de trabalho sem redução de salários, seja com a fim da polivalência de trabalhos e das horas extras. A tecnologia deve ser usada em beneficio de todos, aumentando o número de postos de trabalhos disponíveis e diminuindo esta sensação de medo que ronda os trabalhadores, para que juntos busquemos a extinção da mais valia e possamos dar inicio a criação de uma sociedade mais justa e igualitária.
Viva a classe trabalhadora!
Anthero Vieira, PSOL - Campinas
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